O velho ditado que dá título a este texto, muito conhecido de todos, expressa bem uma crença tradicional sobre as relações humanas, segundo a qual a proximidade física e a proximidade emocional andam necessariamente de mãos dadas, sendo que uma, a proximidade emocional, está intrinsecamente dependente da outra.
Um dos problemas mais críticos que as empresas e os profissionais de Gestão das Pessoas enfrentam atualmente é aquilo que se designa por “Atração e retenção de talentos”.
As muitas análises e discussões que ainda mantemos sobre a adversativa ou máquinas ou pessoas relativamente às tendências de evolução do trabalho, resvalam por vezes ou para discursos extremados e intensamente apologéticos ou então para vaticínios tremendistas que veem os avanços das tecnologias como insidiosas mancomunações contra o futuro do trabalho humano.
Vivemos um tempo de diversidade, de celebração da diferença e de procura de sinergias. Esta valorização da diversidade tem vindo a ser cada vez mais assumida pelas organizações, como atesta uma famosa frase de um CEO que afirma enfaticamente: “se houver nesta empresa alguém que pense como eu então um de nós está a mais”.
De acordo com alguma literatura que tem vindo a ser publicada recentemente (ver por exemplo Harvard Business Revue France de Set/Out 2021 e HBR de Set/Out 2021) a questão do “viés inconsciente” (unconscious bias) é um tema que tem vindo a expandir-se nos domínios da gestão das organizações, pela reconhecida importância que tal assunto tem (ou pode ter) em variadíssimas situações de âmbito profissional, com particular destaque para os processos de liderança e de tomada de decisão.
A ainda designada “Função RH” tem vindo com os tempos, e as circunstâncias, a tornar-se uma área cada vez mais valorizada e prestigiada nas organizações, com uma tendência assinalável para finalmente cumprir os vaticínios (e os desejos) que os profissionais vêm fazendo desde há bastante tempo: a de se tornar uma função cada vez mais relevante e com uma legitimidade inquestionável para ter um “lugar à mesa” da gestão estratégica das organizações.
Zigmunt Bauman, o grande filósofo da “pós-modernidade”, propôs, ao longo da sua vasta obra, que a humanidade entrou numa nova fase, que ele designou por “modernidade líquida”, cujas principais características têm sido tipificadas através de uma expressão ampla e frequentemente replicada nos mais diversos contextos do mundo dos negócios e das organizações: a de que no mundo atual ”change is the only permanence, and uncertainty the only certainty” (Bauman, 2012).
Muitas vezes pensamos a liderança como um conjunto de atos isolados com significado próprio e realizados em momentos específicos da interação entre os líderes e os liderados. Falamos, por exemplo, de dinamizar e animar equipas, de comunicar bem numa entrevista, de gerir talentos, de lidar positivamente com conflitos, etc. Mas muitas vezes também, não nos damos conta de que falar sobre esses “atos concretos” a que por vezes chamamos “técnicas de liderança”, é um tipo de prática que pode vir de facto a tornar-se “muito abstrata”.
Entrevista/ “Rethinking” Feedback
Diz-nos o senso comum que há coisas com as quais toda a gente concorda; mas o mesmo senso comum também nos diz que nem todas as coisas com as quais toda a gente concorda constituem de facto prática comum. É o que acontece, por exemplo, com as designadas “técnicas de feedback”.
Desde os “idos” de 1980, época em que os robôs começaram a ser introduzidos nas grandes empresas industriais para realizarem tarefas “únicas e pesadas, como soldagem, pintura a spray ou montagem”, os progressos da robótica e da Inteligência Artificial têm vindo a registar um tal desenvolvimento e aceleração que as preocupações se centram hoje cada vez mais nos seus impactos na natureza do trabalho.
A literatura sobre liderança vem enfatizando que a principal alavanca da eficácia de um líder é a sua “credibilidade”. Kouzes & Posner (2003), assinalam mesmo que qualquer líder deveria fazer um “check-up de credibilidade”, antes de se abalançar a uma intervenção profunda na sua organização, como forma de garantir uma maior probabilidade de sucesso nessa intervenção.
Quando refletimos sobre liderança e os seus desígnios torna-se evidente que só faz sentido falar em líderes no pressuposto da existência de quem o não é.