Quais são as grandes empresas que não anunciaram metas climáticas?

Phillips 66, Valero Energy, Kinder Morgan e Marathon Petroleum são algumas das empresas que mais se destacam pela negativa no anúncio das metas climáticas, segundo especialistas da BloombergNEF.
Mais de metade das empresas (56%) não estabeleceu metas climáticas em 2021, segundo um relatório do CDP – Carbon Disclosure Project, que concluiu ainda ser preciso pelo menos mais uma década para garantir que todas o fazem.
O relatório analisou mais de 11.400 empresas fornecedoras de produtos ou serviços, que reportam dados ambientais aos seus clientes através do CDP, e confirmou que, em 2021, “apenas 2,5% dos fornecedores estabeleceram metas científicas para as suas emissões, enquanto 56% não tinham qualquer meta climática”. Adicionalmente, menos de 30% tinham um plano de transição energética, com o objetivo de contribuir para uma futura economia neutra em carbono.
Embora muitas das grandes empresas tenham anunciado os seus objetivos para atingir zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa até meados do século, os seus compromissos variam e a probabilidade de todas, ou da maioria, alcançarem as metas estabelecidas permanecem improváveis.
Se, por um lado, encontramos empresas como a Exxon Mobil, um dos maiores emissores dos EUA, e o JPMorgan Chase&Co, o principal financiador mundial de empresas de combustíveis fósseis, que anunciam publicamente as suas metas para reduzir as emissões de gases de efeito de estufa, há, por outro lado, outras que não o fazem.
O Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas (IPCC) emitiu este mês um alerta, referindo que as emissões do mundo devem atingir rapidamente um pico de forma a evitar que a temperatura suba mais de 1,5 graus Celsius – o objetivo do Acordo de Paris – e, assim, evitar consequências graves. “Isto não é ficção nem exagero”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, em comunicado. “É o que a ciência nos diz que resultará das nossas atuais políticas energéticas”, acrescentou o responsável.
“Os fornecedores de combustíveis fósseis que não divulgaram planos robustos para atingir as zero emissões líquidas (ou mesmo se tiverem algum) destacam-se pela negativa”, disse Kyle Harrison, diretor de pesquisa de Sustentabilidade da BloombergNEF (BNEF), que se dedica a tópicos como metas, compensações de carbono e aquisição de energia limpa.
Phillips 66, Valero Energy (VLO), Kinder Morgan (KMI) e Marathon Petroleum (MPC) são algumas das empresas que mais se destacam pela negativa no anúncio das metas a atingir, segundo a BNEF.
BloombergNEF desenvolve programa para avaliar compromisso das maiores empresas
Para os especialistas da BNEF, não há uma forma padronizada de medir a eficácia dos vários planos de emissão zero. Por isso, desenvolveu um programa para avaliar os compromissos das 650 maiores empresas do mundo nos setores que mais emitem CO2.
A ferramenta projeta as reduções de emissões necessárias para que as empresas atinjam as suas metas e, em seguida, pontua a ambição e a legitimidade dos compromissos com base em 13 métricas. As pontuações obtidas refletem a qualidade do atual plano de emissão zero de uma empresa, em vez do quão bem atingirá a meta.
No setor das empresas de serviços públicos, por exemplo, a ferramenta de avaliação de emissões líquidas revela que a Iberdrola SA (IBEN), a Southern Co. (SO) e a Endesa SA (ELE1N) apresentam a melhor pontuação, enquanto que a Eversource Energy e Edison International estão entre as mais atrasadas, de acordo com a BloombergNEF.
Para as empresas de serviços públicos e de petróleo e gás que desejam cumprir as suas metas de emissão zero, mudar para áreas como energia limpa e hidrogénio verde para diversificar seus negócios é uma boa estratégia, aponta o diretor de pesquisa de Sustentabilidade da BloombergNEF.
No caso das empresas de tecnologia, trata-se de criar hardware e software para ajudar os clientes a descarbonizar. Já nas empresas de materiais, a opção passa por desenvolver alternativas limpas para os seus produtos tradicionais, como o aço verde ou o alumínio.
A BNEF acredita que os melhores compromissos com as metas climáticas geram novos clientes, ajudam a desenvolver novos produtos e, por fim, criam novos fluxos de receita para as empresas.