Start-up norte-americana transforma pele de peixes predadores em acessórios de moda

O peixe-leão é capaz de matar dezenas de peixes em poucos minutos, peixes estes que mantêm o equilíbrio marinho. Atenta a este problema, a start-up norte-americana Inversa decidiu transformar a sua pele em acessórios de moda funcionais.

A indústria da moda está a esforçar-se para se tornar mais sustentável, ajudando não só a preservar o Planeta, como também a reparar os ecossistemas destruídos.

Esta tem sido a preocupação da Inversa, start-up com sede na Flórida que cria couros a partir de espécies invasoras. A empresa paga a pescadores e caçadores pelas peles de alguns predadores, incluindo peixes-leões, pítons dragonfin e bagres americanos, que ameaçam os ecossistemas naturais porque não têm predadores naturais. Depois, trata essas peles, transformando-as em couros que podem ser usados ​​para fabricar acessórios de moda.

Sob o claim “Deixe a Moda curar o planeta”, a Inversa fechou recentemente uma parceria com a marca de luxo feminina Oleada, que produz acessórios funcionais destinados a facilitar a vida das mulheres, para lançar um novo produto no mercado, anuncia a Fast Company.

Juntas as empresas incorporaram o couro de peixe-leão numa capa para portáteis que está disponível por 245 dólares (cerca de 240 euros). A capa também usa couro vegano feito a partir de 34 garrafas plásticas retiradas do oceano.

Os couros foram submetidos a testes de qualidade realizados por terceiros, para garantir a sua resistência. O couro final apresenta uma textura escamosa, que lembra uma pele de cobra, explica a start-up.

Segundo Aarav Chavda, cofundador e CEO da Inversa, “a parte mais desafiante para criar este couro foi alertar os pescadores para a crise ecológica e incentivá-los a capturar o peixe-leão, em vez de outros frutos do mar”.

“Procuramos pescadores que trabalham com este tipo de espécies há 10 gerações”, diz Chavda. “Pagamos-lhes um preço elevado para caçar a criatura que está a matar as garoupas e os pargos de que dependem para se alimentar. Mas às vezes, demora um pouco para compreenderem a nossa missão”, acrescenta.

Os cientistas acreditam que, na década de 1980, um grupo de peixes-leões foi solto de um aquário no oceano Atlântico, na costa da Flórida. Sem predadores, multiplicaram-se exponencialmente, tornando-se numa espécie dominante em muitos lugares, desde a costa do Brasil até Barcelona e Boston. Estes peixes destroem toda a cadeia alimentar oceânica, incluindo os recifes de corais.

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