Islândia: um país onde o empreendedorismo ganha espaço

Em dez anos, o ecossistema de start-ups islandês passou de inexistente para um local fértil onde start-ups podem prosperar.

A Islândia é conhecida pelas suas belezas naturais, mas começa a deitar cartas no campo tecnológico. O cenário tech do país, embora pequeno, está a prosperar fomentado por Bala Kammalakharan, um consultor de gestão que tem impulsionado o ecossistema islandês de start-ups desde 2010, após a crise financeira.

Nessa altura quase todos os fundadores trabalhavam isoladamente e não encaravam de forma conjunta os problemas semelhantes que enfrentavam. Depois de se envolver nos investimentos com business angel, Bala Kammalakharan descobriu que o mundo das start-ups precisava de “um empurrão”. Então o empreendedor decidiu usar os seus contactos pessoais nos Estados Unidos da América (EUA) e organizar, em 2011, a Startup Iceland, a primeira conferência de start-ups do país, com diversos palestrantes internacionais e 300 participantes.

“Nós fomos mais longe que muitas cidades ou países num espaço de tempo tão curto, principalmente devido à proximidade. A Islândia é muito pequena e é uma sociedade muito homogénea”, disse Kammalakharan ao site Sifted. Dado que o país é tem apenas 340 mil pessoas, alguns críticos podem argumentar que é pequeno demais para ser um mercado de testes para novos produtos. Mas outros, incluindo Kammalakharan, consideram que é a dimensão perfeita. “A construção de uma empresa é a parte mais difícil. Colocar o produto no mercado, ter a equipa certa, construir o produto ideal, interagir com os clientes, encontrar o preço adequado, tudo isso é muito difícil. É melhor fazer tudo isto num lugar pequeno. E porque a Islândia é tão pequena, temos de pensar global desde o primeiro dia”, explicou o consultor.

A Islância na ótica do capital de risco
Tal como noutros lugares da Europa, o interesse no investimento em start-ups aumentou exponencialmente nos últimos anos e a Islândia tem neste momento três fundos de capital de risco. O mais recente é o Crowberry Capital, criado, em 2017, por Jenny Ruth Hrafnsdottir,Hekla Arnardottir e Helga Valfells,. Esta última é a mais experiente das parceiras, tendo estado envolvida no mercado de capital de risco desde 1999, quando liderou a iniciativa Venture Island para a organização estatal Promote Iceland.

Além da dimensão reduzida do mercado local, alguns críticos poderiam ver a localização geográfica do país, uma ilha no meio do Atlântico, como uma desvantagem para as start-ups, mas para a investidora Helga Valfells, esta localização é uma vantagem. “A Islândia está a meio caminho entre a Europa e os EUA, por isso não só há influências culturais de ambos os lados do Atlântico, como também muitas pessoas fazem escala na Islândia e usam essa paragem para conhecer as start-ups locais.”

De acordo com  os especialistas, o maior desafio para investidores e start-ups do país é garantir que estão ligados aos ecossistemas de start-ups e mercados internacionais. Por outro lado, encontrar financiamento para boas empresas, mesmo na fase inicial, parede ser relativamente fácil. O Governo, através do Fundo de Desenvolvimento Tecnológico, tem um programa de financiamento em curso, também existem alguns business angels ativos na Islândia, assim como três fundos de risco. Há também um conjunto de investidores internacionais que participaram nas rondas iniciais de financiamento na Islândia, incluindo a Index e a Tencent.

O desafio atual, reforçam os experts deste mercado, consiste no financiamento da expansão e no facto de os empreendedores islandeses precisarem de trabalhar arduamente para garantir que atraem o capital internacional à medida que crescem. A General Catalyst e a Polaris, sediadas nos EUA, bem como uma série de fundos europeus como o LSP, de França, e o Atomico, do Reino Unido, são alguns investidores internacionais que participam no financiamento de start-ups islandesas.

A população islandesa é instruída e bem informada e, como tal, é relativamente fácil abrir uma empresa e recrutar uma equipa localmente para a fase inicial. Mas, à medida que as empresas crescem, o recrutamento pode ser um problema, em particular para funções altamente especializadas.

Ciente deste problema, o Governo introduziu uma série de iniciativas fiscais para atrair funcionários internacionais para a Islândia. Contudo, as start-ups islandesas costumam abrir escritórios internacionais logo nas fases iniciais, para que as equipas possam trabalhar praticamente em qualquer lugar. É comum terem equipas nos mercados-alvo mais importantes, assim como uma equipa de desenvolvimento na Europa de Leste.

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