Fake news: há start-ups europeias a combatê-las

As “fake news” são um fenómeno que parece não abrandar. Antes pelo contrário. Do coronavírus às alterações climáticas, passando por ataques terroristas tudo serve divulgar informação falsa. Mas há quem lute contra esta epidemia. Veja alguns exemplos.
A desinformação ou disseminação deliberada de informação falsa com a intenção de ludibriar – as chamadas fake news – é um fenómeno que não parece abrandar. Já todos vimos como as eleições podem ser influenciadas, como a disseminação de informação sensacionalista espalha o pânico durante catástrofes, e ouvimos falar de campanhas de difamação online contra pessoas ou marcas.
Com o número de pessoas ligadas à internet e às redes sociais a aumentar, a disseminação de notícias falsas e de desinformação é de tal forma rápida que levou os Governos e o setor privado a propor medidas para combater esta ameaça. O EU-Startups.com fez uma compilação de start-ups e de instituições europeias que estão na linha da frente no combate a este flagelo.
Logically – Com esta aplicação, quando um artigo é partilhado a tecnologia seleciona as principais declarações. O utilizador pode selecionar a afirmação que considera suspeita e, se a tecnologia inteligente puder verificá-la, é logo informado. Caso contrário, os verificadores de factos da Logically iniciam a pesquisa.
A aplicação apresenta uma página inicial com 65 mil editores num feed de notícias otimizado; agrupa e prioriza artigos, condensando a multiplicidade de conteúdo disponível online no feed de notícias com títulos objetivos, concebido para informar em vez de envolver/captar a atenção.
Outro recurso útil é que a aplicação seleciona artigos positivos, negativos e neutros para cada história e que podem ajudar o utilizador a formar a sua opinião. Também permite analisar os principais participantes numa história; a timeline automatizada mantém-no atualizado sobre os desenvolvimentos nas suas histórias favoritas e ajuda a preencher as lacunas. Fundada em 2017, a start-up sediada em Londres tem cerca de 70 funcionários no Reino Unido e na Índia. Em 2018 obteve 2,2 milhões de euros numa ronda com business angels.
Right of Reply – Esta start-up criou uma plataforma de reputação online que permite ao utilizador recuperar o controlo e “dizer a sua verdade”, recorrendo à tecnologia patenteada de pesquisa, resposta e publicação. De acordo com a Right of Reply, os três principais fatores que afetam a reputação na internet são o conteúdo pessoal online, os relatórios de crédito e os ataques pessoais nas redes sociais e blogs.
Assim, fornece soluções rápidas, de baixo custo e legalmente válidas relacionadas com os estes três aspetos, tanto a consumidores como a empresas. As suas plataformas online permitem responder a conteúdos negativos ou erróneos no devido tempo e com relevância. A Right of Reply, fundada em 2016, em Londres.
Factmata – Desenvolve algoritmos de perceção contextual, potenciados por comunidades e especialistas que partilham o objetivo de reduzir a informação errada e o conteúdo abusivo na internet. Usa algoritmos exclusivos combinados com inteligência artificial (IA) para classificar o conteúdo de maneira subtil, criando uma plataforma para ajudar a resolver o problema no setor dos media – desde a disseminação de conteúdo incorreto e tendencioso a clickbaits enganadores em várias plataformas de agregação, passando pelo uso de redes de publicidade que ajudam a distribuir o conteúdo. A Factmata foi fundada em 2017 e também é londrina. A equipa ganhou vários prémios, incluindo o UNESCO Netexplo Award 2019, surgiu em publicações como “The Times”, “Forbes”, “Bloomberg” ou “The Guardian”, além de ter arrecadado um total de 2,7 milhões de euros em três rondas.
AdVerif.ai – A empresa de inteligência artificial fornece soluções de verificação de conteúdo para anunciantes, editores e redes de anúncios. O objetivo é proteger os utilizadores de spam, software malicioso, conteúdo inapropriado e enganador. O Adverif.ai aproveita toda a gama de tecnologias de IA e publicidade, a que junta a análise de semântica.
Com o seu algoritmo proprietário FakeRank, ajuda os revisores humanos a escalar o processo de moderar e a melhorar a sua precisão, mantendo os utilizadores seguros e a reputação das marcas intocada. Fundada em 2017. e sediada em Amesterdão, Holanda, a AdVerif.ai foi nomeada no New International “Game Changers” Report de 2019, da CB Insight. Também faz parte da campanha “EU Versus Disinformation”.
Alto Analytics – A plataforma de análise de big data mapeia relacionamentos digitais e padrões, a fim de combater a desinformação e deep fakes (vídeos manipulados, que trocam as caras de pessoas, com sincronização de movimentos, expressões, etc.), proteger a reputação de marcas e fornecer informação comercial e análise de influência online/offline.
O objetivo é ajudar organizações públicas, privadas e sem fins lucrativos em todo o mundo a obterem a informação necessária para tomar decisões atempadamente. Esta start-up espanhola criada há oito anos, tem a capacidade para fazer análises em tempo real de fontes de dados públicas em 53 idiomas e 125 países.
trueinchain – Fundada em 2017, esta start-up italiana usa o blockchain para rastrear notícias falsas e sinalizá-las com um clique. Só tem de inserir o link para as notícias falsas, explicar com comentários ou com um ficheiro anexo por que considera que as notícias são “falsas”, enviar, e a tecnologia trata do resto.
A TrueInChain está também a apostar numa comunidade global que rastreia e desmonta mentiras e embustes para provar a falta de fiabilidade de conteúdos e de fontes. O objetivo é criar ao longo do tempo um banco de dados, construído por uma comunidade de especialistas, e tornar pública uma lista negra das piores notícias falsas transmitidas online, por agora, na Itália.
Fake News Guard – Combina IA com o feedback dos utilizadores para detetar informação falsa. A API (Application Programming Interface) da Fake News Guard está em estágio alfa e a ser testada na extensão do Chrome, o que permite usar o sistema enquanto está online.
O utilizador pode monitorizar de modo passivo as páginas que está a visitar ou o seu feed do Facebook, ou, de forma ativa, enviar links suspeitos. A extensão serve como uma forma passiva de proteção. Todas as páginas que visita e todos os links que se encontram no seu feed do Facebook são comparados com a lista negra da empresa. Se a fonte do artigo estiver na lista negra, recebe um aviso no browser. Fundada em 2017 e sediada em Londres, a Fake News Guard está em fase de testes alfa.
nwzer – A agência de notícias gerada por utilizadores com o auxílio de inteligência artificial e blockchain afirma ser o primeiro serviço do mundo de jornalismo cidadão com IA. As notícias geradas pelos utilizadores do Nwzer usam a denominada sabedoria das multidões para obter as notícias. Logo após a fundação, em 2017 em Maastricht, recebeu financiamento da Google Digital News Initiative. Desde 2018 que está a trabalhar na ferramenta de colaboração baseada na web para se tornar na primeira agência de notícias do globo gerada por utilizadores.
Storyzy – Deteta e classifica fontes de notícias falsas através de tecnologia de conteúdo 100% automatizada. Esta tecnologia exclusiva analisa o url e classifica as fontes de notícias de forma objetiva. Fundada em 2012 em Paris, a Storyzy é cofinanciada pelo exército francês desde 2015.
Desenvolveu, para o ensino, o Newscoach (que orienta alunos, professores no caos da desinformação), e, para as marcas e plataformas de publicidade, proporciona um ambiente publicitário mais seguro. O banco de dados da Storyzy tem, desde maio de 2019, mais de 28 mil vídeos e sites de desinformação em inglês e em francês (mais 13% de novas entradas por mês), e entre os seus clientes conta com grandes grupos como a Havas Media ou a IPG Mediabrands.
Mindzilla – Fundada em 2018, está a utilizar a IA e o blockchain para resolver os problemas de informação mais desafiantes do mundo. A start-up considera que, hoje, é quase impossível ver o mundo real através da confusão de histórias mal-enquadradas, análises incompletas, conteúdo com segundas intenções, notícias falsas e pouca acessibilidade a informação especializada.
O sistema de IA trata a informação errada ao eliminar a necessidade de julgamento e enviesamento humanos na altura de determinar a relevância e a precisão da informação. Este processo significa que a validação é baseada no conteúdo em si e não na sua origem.