CEO da Apple apoia a introdução do RGPD a nível global
Tim Cook esteve ontem em Bruxelas onde alertou para a necessidade de expandir o RGPD para outras zonas do globo, incluindo os EUA. Defendeu uma regulação mais apertada no ecossistema das empresas tecnológicas.
Tim Cook, CEO da Apple, esteve esta semana na 40.ª edição da International Conference of Data Protection and Privacy Comissioners, que decorreu em Bruxelas. Foi a partir do coração da União Europeia que o líder tecnológico defendeu a introdução de um Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) para todo o mundo.
“A nossa informação – tanto a do dia-a-dia como a que é profundamente pessoal – está a ser utilizada como arma contra nós com uma eficiência militar”, alarmou o CEO da Apple. “Estas pequenas partes de informação, sendo inofensivas por si só, estão a ser montadas, sintetizadas, trocadas e vendidas. Quando levado ao extremo, este processo cria um perfil digital duradouro que deixa que as empresas conheçam as pessoas melhor que elas próprias… Não devemos embelezar as consequências. Isto é vigilância”, acrescenta.
Foi a partir daqui que Cook congratulou as instituições europeias pela introdução do RGPD. Outras nações, como o Japão, Singapura, Brasil e Nova Zelândia também estão a tomar medidas na proteção de dados dos seus cidadãos. “Está na hora do resto do mundo, incluindo o meu país, seguir o vosso exemplo”, afirmou na conferência.
No caso dos Estados Unidos, Tim Cook acredita que há quatro pontos que têm de ser priorizados: a minimização dos dados, a transparência, o direito, por parte dos utilizadores, em acederem aos dados que as empresas recolhem e o direto à segurança.
Apesar de não ter apontado o dedo a nenhum dos gigantes vendedores de publicidade (Facebook e Google), ao falar sobre as plataformas atualmente existentes, o líder da empresa norte-americana afirmou que “já vimos vividamente como a tecnologia pode magoar, em vez de ajudar. Aumenta as nossas piores tendências humanas, aprofunda as separações, incita à violência e até enfraquece o nosso sentido partilhado daquilo que é verdade ou mentira”.
Outro tema em discussão foi a inteligência artificial. Segundo o CEO da Apple, para esta ser verdadeiramente inteligente tem de respeitar os valores humanos, incluindo a privacidade. Caso contrário, os perigos são profundos. “Conseguimos atingir elevados standards tanto para a inteligência artificial, como para a privacidade. Isto não é uma possibilidade, mas sim uma responsabilidade”.
Cook deixou ainda uma mensagem aos líderes de empresas que acreditam que a tecnologia nunca chegaria a atingir o seu potencial máximo caso houvesse uma regulação de privacidade mais apertada. “Esta noção não só está errada, como também é destrutiva. Está na altura de aceitarmos os factos. Nunca vamos atingir o potencial máximo da tecnologia sem termos a fé e a confiança das pessoas que a usam”, concluiu.
We believe that privacy is a fundamental human right. No matter what country you live in, that right should be protected in keeping with four essential principles:
— Tim Cook (@tim_cook) 24 October 2018