O imigrante indiano que transformou 300 mil dólares em 2 biliões

De jovem estudante e entregador de panfletos, a homem de negócios de projeção mundial. Assim foi construído o percurso de sucesso do jovem imigrante indiano que agora lidera a norte-americana Nitya Capital.

As histórias de sucesso são muitas vezes exemplo de percursos conturbados, da resiliência e capacidade dos dos seus protagonistas utrapassarem obstáculos, como aconteceu com o jovem que aos 15 anos trocou a Índia pelos Estados Unidos, numa história de vida citada pela Forbes.

Swapnil Agarwal saiu de Agra, na Índia, e imigrou para Houston, no Texas, onde os pais esperavam conseguir dar ao filho melhores oportunidades de vida, como era o sonho de tantos outros imigrantes. E apesar dos pais terem formação, nos Estados Unidos os respetivos diplomas serviam de pouco e, por isso, a mãe foi trabalhar num centro de dia e o pai comprou uma loja de bebidas. Moraram num complexo de apartamentos onde a insegurança dominava e os assaltos faziam parte do dia a dia. Sem transporte próprio, a família deslocava-se para todo o lado de autocarro e metro o que tornava viagens simples em percursos desnecessariamente longos e demorados. Durante este processo, enquanto frequentava a escola pública local, Swapnil Agarwal arranjou um emprego a distribuir folhetos de pizzas em apartamentos.

Os primeiros anos na América expuseram-no ao desconhecido e a um mundo de novas aprendizagens, mas 10 anos depois Swapnil Agarwal tornou-se um homem de negócios. Depois da faculdade entrou no setor financeiro, ao conseguir um emprego num banco de investimento e outro em Hong Kong como um dos primeiros funcionários de um Private Equity Fund. Mas a ambição de Agarwal era criar a sua própria empresa e foi com esse objetivo que entrou no mundo corporativo como forma de ganhar dinheiro.

Economizou 300 mil dólares e regressou a Houston para tentar colocar em prática o seu objetivo empresarial, apesar dos riscos associados. Deu o primeiro passo em 2013, altura que criou a Nitya Capital, uma empresa de investimentos imobiliários, um setor onde tinha adquirido conhecimentos durante o tempo que trabalhara em Hong Kong.

Direcionou a sua atenção para o mesmo tipo de complexos habitacionais de renda acessível em que vivera quando adolescente, planeando comprar um complexo multifamiliar negligenciado, com má administração, e transformá-lo num local onde as pessoas quisessem morar.

Contudo, para colocar em marcha esse plano Swapnil Agarwal precisava de mais dinheiro, que o banco não disponibilizava. Foi através de um amigo que conseguiu a verba necessária para obter um empréstimo e com a ajuda de outro amigo, um dos primeiros quando chegou aos Estados Unidos, conseguiu aceder aos contatos que precisava para angariar mais dinheiro.

Assim, a próxima etapa foi telefonar para todos os contatos que conhecia e convencê-los a investir. A sua estratégia era oferecer aos investidores as melhores condições de negócio possível. Depois de avaliar o que conseguiria levantar como seu património de 300 mil dólares, Agarwal fez sua primeira aquisição por 4,5 milhões. Os seus relacionamentos foram fundamentais para conseguir o capital necessário para começar o empreendimento.

Mas o “caminho” foi cheio de sobressaltos porque depois de ultrapassada a fase da angariação de verbas começou a parte difícil: a taxa de ocupação do complexo que comprou era de apenas 65%, e muitos dos inquilinos eram do tipo de pessoas “difíceis” e não pagavam a renda e que assustavam a vizinhança. Ou seja, teria que pôr mãos à obra e retirar essas pessoas do local, o que o levou a equacionar se não teria cometido o pior erro da sua vida.

Depois de passar alguns anos da sua vida a viajar em classe executiva pela Ásia-Pacífico, usufruindo das vantagens da vida corporativa, confrontava-se, assim, com o regresso a um ambiente que lhe era tão familiar. Mas tinha a seu favor facto de conhecer aquela realidade, um local onde em miúdo distribuiu panfletos promocionais, e sabia como enfrentar novamente a situação. Foi porta a porta e conseguiu despejá-los do prédio. Cumpriu o seu objetivo de afastar os criminosos, mas a taxa de ocupação caiu.

Limpou o local, pintou, consertou o básico e instalou câmaras de segurança. Mudou o nome do complexo para uma designação que fizesse mais sentido para a maioria da comunidade hispânica que lá vivia. E como todos os apartamentos da área de Houston têm piscinas – e o afogamento é uma causa comum de morte de crianças nos EUA – decidiu oferecer aulas de natação gratuitas. Agarwal sabia o que os inquilinos realmente queriam e com o que se importavam e, por isso, em vez de melhorar aquele complexo de apartamentos com comodidades supérfluas, concentrou-se nas coisas realmente importantes para quem lá vivia: a segurança e a saúde de famílias.

Seis meses depois, a taxa de ocupação disparou até aos 90%, e o imigrante indiano que tinha vivido naqueles apartamentos vendeu o complexo por 6 milhões de dólares, duplicando o investimento. Depois deste sucesso, o fundador e CEO da Nitya Capital conseguiu dimensionar e replicar este modelo para produzir retornos cada vez maiores, com mais e mais benefícios para os inquilinos. Continuou a comprar propriedades negligenciadas e a transformá-las em lugares limpos e seguros para morar. Simultaneamente, acrescentou vantagens aos espaços como clínicas gratuitas de assistência médica, assistência à imigração e refeições para crianças durante o verão.

Hoje, a Agarwal possui uma plataforma de investimento imobiliário completa com 2 biliões em ativos e 600 funcionários. Sem o dinheiro e os relacionamentos que construiu durante a sua carreira corporativa e sua vida pessoal, e sem a visão de alguém que já fora inquilino naquelas casas, dificilmente teria o sucesso que conseguiu com a Nitya Capital. Soube combinar e equilibrar eficazmente o lado de investidor e de inquilino que morara no complexo.

Comentários

Artigos Relacionados