Será o trabalho remoto um privilégio urbano? Estudo inglês diz que sim.

Um estudo da London School of Economics and Political Science constatou que o trabalho remoto ainda é um privilégio do que designa como elite urbana.
Não é novidade que os modelos de trabalho mudaram na sequência da pandemia provocada pela Covid-19, altura em que o trabalho remoto, ou home office, foi dominante na forma como, às data, as empresas contornaram as limitações sanitárias impostas.
Agora um estudo recente da britânica The London School of Economics and Political Science (), mostra que apesar da predominância da modalidade, este formato foi aplicado maioritariamente pelo que designa de “elite urbana”, sendo inacessível para uma larga fatia da força de trabalho.
A pesquisa da LSE revela que o trabalho remoto trouxe resultados positivos para grandes empresas e para colaboradores das áreas administrativos a trabalhar em ambiente urbano. Todavia, este modelo depara-se com barreiras em empresas pequenas e nas regiões mais pobres. Aliás, a LSE constata que as empresas mais pequenas são menos propensas a permitir o trabalho à distância. Conclui, inclusive, que menos de 1% dos negócios com menos de 10 funcionários permite que estes recorram a este modelo de trabalho. Pelo contrário, 70% das grandes empresas, com mais de 250 funcionários, utilizam o home office.
Os investigadores da LSE apontam para que o home office continue a ser um “privilégio” para profissionais que trabalham em cidades e em grandes corporações.
Riccardo Crescenzi, economista da LSE e um dos coautores da pesquisa, salientou que a distribuição do trabalho remoto de forma desigual comporta alguns riscos no que se refere a algumas políticas públicas. Na sua opinião é algo que pode levar a um sub investimento em transporte público e um exemplo de como “a suposição de que o espaço do escritório está morto e não é mais importante para ninguém, corre o risco de tornar ainda mais caro o custo para quem tem que trabalhar no escritório”, concluiu.
O economista frisou ainda que “antes de declarar que o escritório e as cidades estão mortos, os responsáveis das políticas públicas devem ter o cuidado de não ver o mundo apenas pelos olhos da elite metropolitana, sejam de Londres, Milão ou Washington. Nem toda gente está a trabalhar em casa, ou pode trabalhar em casa, mesmo que queira”, explicou em comunicado.
Para realizar este estudo, a equipa da London School of Economics and Political Science analisou dados de trabalho remoto em Itália, um dos poucos países a ter informações sobre o status de cada funcionário na sua economia. Os autores compararam dados reais de home office com métricas sobre quantas funções poderiam ser realizadas à distância. Depois, combinaram os resultados com dados económicos territoriais na Itália.
Um outro relatório, da autoria da WFH Research, analisou as atitudes de trabalho remoto mensalmente desde o início da pandemia e também chamou o home office de “fenómeno de grandes cidades cidade”, já que ele é significativamente mais comum nestes locais do que em pequenos municípios ou áreas rurais.