Projeto português em blockchain quer ajudar a erradicar pobreza extrema até 2030

A plataforma impactMarket já distribuiu o rendimento básico incondicional por cerca de 15 mil pessoas em mais de 60 comunidades vulneráveis na Argentina, Brasil, Cabo Verde, Filipinas, Gana, Honduras, Nigéria, Quénia, Uganda e Venezuela.

Cerca de 700 milhões de pessoas no mundo vivem abaixo do limiar da pobreza extrema, ou seja, com um rendimento diário abaixo de 1,9 dólares (cerca de 1,5 euros), um problema social com consequências diretas no acesso a água, comida, cuidados de saúde e educação, segundo dados das Nações Unidas.

Consciente deste problema, os portugueses Marco Barbosa, Bernardo Vieira e Afonso Barbosa juntaram-se para criar a plataforma impactMarket, que pretende acabar com a pobreza extrema no mundo até 2030, através de doações monetárias.

Lançada no final do ano passado, a empresa garante que é já o maior sistema de rendimento básico incondicional (Unconditional Basic Income ou UBI) em blockchain do mundo, com mais de 600 mil dólares (4901 mil euros) doados a mais de 15 mil beneficiários em dez países.

“Todas as pessoas do mundo deveriam ter acesso a um rendimento básico, para se criar mais valor social e económico no mundo. A pensar nisso, desenvolvemos um sistema em blockchain que gere contratos de UBI e distribui o dinheiro disponível pelas pessoas inscritas nas comunidades, garantindo uma base de rendimento que lhes permite o acesso a recursos básicos para que subsistam e invistam o seu tempo na procura de trabalho para melhores condições, o que tem impacto direto na economia mundial”, explica Marco Barbosa em comunicado.

A empresa dá como exemplo um casal refugiado no Gana com quatro filhos, um deles com Síndrome de Retts e dois com a possibilidade de o virem a também desenvolver. A família recorreu à impactMarket para sustentar as deslocações hospitalares e despesas médicas. Com o apoio, puderam começaram a comercializar pequenos produtos, gerando recursos suficientes para construir o primeiro cabeleireiro no campo de refugiados onde se encontram.

A impactMarket enaltece o facto de se apoiar na tecnologia blockchain, uma rede “descentralizada, aberta e transparente, que por si só impossibilita processos fraudulentos e a corrupção na gestão das doações, um problema muito comum nos países em desenvolvimento, onde estas ajudas são cruciais”.

O facto de não haver intermediários permite maior disponibilidade de capital para as populações. Dessa forma, qualquer pessoa do mundo com acesso à Internet consegue fazer doações ou, inscrevendo-se numa comunidade que verifica a veracidade da situação, receber as doações, realça a empresa.

Em oito meses, a impactMarket assegura que já distribuiu mais de 600 mil dólares (490 mil euros) de mais de 300 doadores por mais de 60 comunidades. Cerca de 15 mil pessoas em países em desenvolvimento como a Argentina, Brasil,  Cabo Verde, Filipinas, Gana, Honduras, Nigéria, Quénia, Uganda e Venezuela (campos de refugiados, estudantes, bairros sociais, favelas, pequenos agricultores) receberam rendimento básico incondicional, o que representa cerca de 0.0015% da população em pobreza extrema, revela a empresa.

Com presença em três continentes, a equipa conta chegar em breve a comunidades no Iémen, Moçambique, Zimbabué, Somália e Afeganistão, onde, segundo a mesma start-up, “o impacto/dólar é mais elevado e contribui de forma mais significativa para o desenvolvimento das populações, e onde há difícil acesso a serviços financeiros”.

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