Polémica que envolve YouTube e Google está a preocupar os investidores

De nada serviu o pedido de desculpas. Grandes empresas multinacionais como a Starbucks e a General Motors decidiram retirar os seus anúncios do YouTube. Outras como a PepsiCo e o Walmart optaram por rever os seus contratos de publicidade com o Google.
Uma semana depois do início do boicote das grandes empresas à publicidade no YouTube, da Google, os analistas começam a fazer contas aos possíveis prejuízos desta polémica. PepsiCo, Walmart, Starbucks, AT&T, Verizon, GSK, Johnson & Johnson, Enterprise, Loreal, Coca Cola e Volkswagen são alguns dos pesos-pesados que anunciaram nos últimos dias o boicote à publicidade no YouTube. Uma lista na qual já figuram 250 nomes de empresas, avança o Jornal de Negócios.
O protesto começou no Reino Unido, onde foi noticiada a associação dos anúncios a vídeos extremistas, mas estendeu-se aos Estados Unidos, depois do Wall Street Journal ter noticiado que continua a haver vídeos do YouTube com publicidade de marcas associada a conteúdo extremista ou inadequado.
O banco Nomura calcula que a empresa vai perder cerca de 7,5% das receitas, que eram estimadas em 9,4 mil milhões de euros, ou seja, prejuízos de cerca de 700 milhões de euros. Mas há quem seja bastante mais optimista. “Estimamos um impacto negativo de -1% neste ano e no próximo, acreditanto que o problema seja resolvido em breve”, disse o analista do Grupo Pivotal, Brian Wieser, numa nota enviada aos clientes.
Desde que a polémica rebentou, a Alphabet – que detém Google, YouTube, X Company entre outras empresas – perdeu cerca de 4% em bolsa, ou seja cerca de 23 mil milhões de euros, entre os dias 17 e 23 de Março.
Há rumores no mercado, já publicados nas páginas de vários jornais, que indicam que alguns dos grandes anunciantes que aderiram a este boicote estão a tentar aproveitar a polémica para negociar melhores condições para publicidade digital, num mercado dominado pelo Google e pelo Facebook, refere o analista do UBS Eric Sheridan.
Os investidores têm também receio que esta reação dos anunciantes possa contagiar o negócio de busca do Google ou afectar o lançamento do serviço de TV online do YouTube, esperado para este ano.
Para tentar minimizar os efeitos desta polémica a Google anunciou que vai apertar o controle e contratar mais pessoas para a sua área de análise de conteúdos para introduzir mudanças na inteligência artificial que está por detrás do algoritmo que determina os vídeos aos quais os anúncios são associados.