Opinião

Nova vida da NVidia

Pedro Celeste, diretor-geral da PC&A

Começou mal e está a transformar-se num caso único. Há uma empresa à qual todas as grandes tecnológicas recorrem para se abastecerem de processadores gráficos rápidos e potentes, requisito exigido pela inteligência artificial, e que detém atualmente cerca de 90% do mercado mundial: é a NVidia.

O seu início deu-se em 1993 e começou a ganhar a sua notoriedade com os videojogos, tornando-se o principal fornecedor da fabricante de consolas Sega. E tudo esteve para acabar demasiado cedo (1996), fruto do insucesso comercial de um chip desenvolvido pela NVidia neste contexto.

Até que o mundo avançou para um formato digital que nos catapultou para a inteligência artificial. Chegámos a 2024 e a NVidia tem um volume de negócios de 60 mil milhões de dólares e os seus resultados representam 50% desse valor. Verdadeiramente impressionante.

Trata-se de um caso único porque o seu crescimento não foi construído na base da especulação da bolha digital e da promessa de um goodwill espectável, como foi o caso de tantas empresas, mas sim através do desenvolvimento orgânico das suas soluções industriais em produtos ímpares, imprescindíveis ao sucesso e inovação de empresas como a Google, Amazon, Facebook, Chat GPT, etc..

O facto de todos quererem abraçar a inteligência artificial, coloca-os na posição de clientes de chips extremamente poderosos, necessitando de dezenas de milhares de unidades que custam perto de 40 mil dólares, cada.

O impacto desta realidade colocou a NVidia no 3.º lugar do ranking mundial de empresas por capitalização bolsista, depois da Microsoft e Apple, com um valor superior e 3,1 biliões de dólares. O que torna esta caso fantástico é o seu crescimento, pois triplicou este valor no espaço de 1 ano. E não é expectável que este crescimento acabe tão cedo, porque a procura é imensa e tende a alargar-se. Os analistas financeiros estimam que o crescimento do valor em bolsa chegará aos 156 dólares num prazo de 12 meses.

Essa expetativa não é infundada e a razão é muito simples: o sucesso da Google, Microsoft, Facebook ou Apple na inteligência artificial está totalmente correlacionado com o crescimento da NVidia, fornecedor imprescindível em todos os casos. Afinal, 40% das suas vendas estão concentradas nestes 4 clientes. É caso para dizer que os maiores concorrentes da NVidia são os principais clientes.

A realidade é que a NVidia está constantemente a renovar o seu portefólio de chips e esta dinâmica que a faz ganhar vantagens competitivas num mercado onde a inovação eficaz e a rapidez de implementação constituem os principais fatores críticos de sucesso. O próximo passo consiste em colocar no mercao novos processadores com maior redução de consumo energético, que representa hoje a principal fatura da inteligência artificial.

Nesse sentido, Jen-Hsun Huang, o seu fundador de origem taiwanesa, acaba de anunciar uma nova geração de chips e um crescimento do volume de negócios de 260%. Apesar de ser em Taiwan que são fabricados quase todos os tipos de processadores gráficos com implementação mundial, a NVidia não produz os seus chips, embora seja a detentora da propriedade intelectual.

A assinatura da marca, “the way it’s meant to be played” não deixa muitas dúvidas quanto à sua tangência com a realidade.

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Pedro Celeste

Pedro Celeste

Doutorado em Gestão pela Universidade Complutense de Madrid. Diplomado pelo INSEAD, London Business School, Wharton School, University of Virginia, MIT Management Sloan Management School, Harvard Business School, Imperial College of London, Kellogg School of Management de Chicago e IESE Business School. Na Católica Lisbon School of Business & Economics é Diretor Académico dos Executive Master in Management e coordenador do Programa Avançado de Marketing para Executivos, do Programa de Gestão Comercial e Vendas, do Programa de Gestão em Marketing Digital... Ler Mais..

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