Fundo de capital privado quer eliminar a disparidade de riqueza racial

A norte-americana Apis & Heritage Capital Partners lançou um novo fundo de capital privado para reduzir as disparidades da riqueza racial através da criação de empresas detidas pelos funcionários.
Foi lançado um novo fundo de capital privado para reduzir a lacuna da riqueza racial através da criação de empresas detidas pelos funcionários. A iniciativa é da empresa norte-americana Apis & Heritage Capital Partners (A&H), liderada principalmente por profissionais “negros, indígenas e pessoas de cor” (BIPOC), que fechou um investimento de 30 milhões de dólares (25 milhões de euros) para o Legacy Fund I. Um investimento que contou com o apoio das fundações Ford, Rockefeller e Skoll.
O novo fundo prevê usar o capital para facilitar aquisições lideradas por funcionários de empresas de serviços essenciais, como paisagistas, trabalhadores de serviços alimentares, limpeza comercial, agências de saúde e eletricistas, por exemplo, que tenham uma força de trabalho de 40 ou mais pessoas, desde que pelo menos um terço dessas sejam BIPOC.
As aquisições levarão à criação de empresas detidas pelos funcionários, nas quais os trabalhadores sejam capazes de aumentar a sua riqueza ao longo do tempo por meio de um Employee Stock Ownership Plan (ESOP). Os ESOPs funcionam de maneira semelhante aos planos de reforma (foram desenvolvidos em 1974), mas, ao invés de investir em ações ou fundos com impostos diferidos, os ESOPs investem apenas nas ações do empregador. Com o tempo, os trabalhadores adquirem a “sua propriedade”, explica Todd Leverette, cofundador da A&H. “À medida que a empresa cresce e aumenta de valor, o valor da conta de cada trabalhador também cresce e aumenta de valor. Os ESOPs têm vindo a “criar riqueza para os trabalhadores há mais de 40 anos”, acrescenta Leverette.
De acordo com a A&H, 60% dos trabalhadores negros e 65% dos latino-americanos não têm qualquer tipo de poupança guardada para a reforma. A meta da empresa é que cada trabalhador das empresas adquiridas com a assistência da A&H acumule poupança na ordem dos 70 mil a 120 mil dólares. O Legacy Fund I revelou a sua intenção de comprar pelo menos oito empresas, cujos proprietários estão prestes a reformar-se e está já em processo de identificação de candidatos.
As empresas 100% pertencentes aos funcionários não pagam imposto federal e, de acordo com a A&H, também não pagam impostos em 44 dos 50 Estados norte-americanos. Mas a A&H também pretende trazer elementos do modelo de empresário cooperativo para as suas empresas, garantindo que os trabalhadores agem e sentem-se como proprietários.
Tudo está a ser feito com a ajuda do Democracy at Work Institute (DAWI), um grupo norte-americano da Califórnia, focado em empresas que são propriedade dos trabalhadores e que pode ajudar no desenvolvimento de uma cultura de propriedade que inclui, em alguns casos, a presença de um representante dos trabalhadores no conselho de administração, uma gestão totalmente transparente e uma política interna “centrada no ser humano”. Trata-se de “uma mudança de todo o paradigma do que significa ser um trabalhador e do que significa ser um trabalhador-proprietário”, reforçou Todd Leverette, cofundador da A&H.
Embora o objetivo do investimento do fundo seja único pelo seu foco em eliminar a lacuna da riqueza racial atribuindo a propriedade aos funcionários, a sua estrutura é similar à de um fundo de capital privado típico, com um período de investimento de cinco anos e vida útil de 10 anos.
O capital para o fundo resulta de uma parceria estratégica com a New Markets Support Co. da Local Initiatives Support Coalition (LISC), uma instituição financeira de desenvolvimento comunitário. Os investidores iniciais no Legacy Fund I incluem financiadores filantrópicos e investidores de impacto, incluindo a Fundação Ford e o Fundo Zero Gap, da família Rockefeller. Outros investidores incluem a Skoll Foundation e o seu consultor Capricorn Investments, a Gary Community Investments e a Ascension Investment Management, que investe em organizações religiosas.
Todd Leverette, cofundador da A&H, ambiciona que este projeto seja uma oportunidade para fortalecer as economias das suas comunidades locais, com um modelo de negócio que aborde a lacuna da riqueza racial e proporcione retornos competitivos.