Entrevista/ “Estamos confiantes de que iremos ser bem-sucedidos”

A Taxify já está instalada em Portugal. A plataforma tecnológica de mobilidade começou a funcionar com 600 motoristas e 2500 utilizadores registados. Mas ambiciona muito mais.
Uma semana depois da Taxify ter começado a funcionar em Lisboa, David Ferreira da Silva, country manager da empresa em Portugal, explicou ao Link do Leaders as motivações que trouxeram a plataforma, atualmente em 23 países, para Portugal e as expetativas de desenvolvimento num segmento de mercado onde vai contar com a concorrência da Uber e da Cabify.
Porque escolherem Lisboa para iniciar a atividade em Portugal?
Decidimos lançar a Taxify em Lisboa pois este é um mercado de ride-hailing em crescimento e com bastante potencial. Acreditamos que a concorrência é algo positivo e ao entrar no mercado português queremos construir uma nova comunidade com melhores condições para os motoristas e melhor qualidade de serviço para os utilizadores.
O que tem o mercado português de atrativo para a Taxify?
Portugal é um mercado dinâmico e em crescimento para plataformas de transporte e, além disso, está no foco do setor do turismo, o que aumenta o seu potencial. Adicionalmente, a maioria dos portugueses está atenta e sensibilizada para estas alternativas ao carro próprio e veem-nas como uma vantagem para a estratégia de mobilidade das cidades.
Quantos utilizadores esperam atingir ao fim do primeiro ano de atividade?
Para já ainda não estamos a fazer previsões pois queremos ver e avaliar de que forma o mercado reage ao serviço da Taxify. No entanto, podemos dizer que o feedback tem sido bastante bom e que a nossa primeira semana está a correr bastante bem e de acordo com as nossas expetativas.
E quantos motoristas?
Lançámos a Taxify em Lisboa com 600 motoristas já registados na plataforma e já temos milhares de motoristas à espera para entrar e começar a trabalhar com a plataforma.
O que diferencia a vossa plataforma das já existentes no mercado nacional? Qual a mais-valia que apresenta?
O principal fator que nos diferencia é o facto de percebermos que os motoristas que trabalham com a Taxify são a essência da nossa plataforma e o nosso objetivo é tratá-los com o respeito que merecem. É por isso que apenas cobramos 15% de comissão aos motoristas, o que é quase metade da comissão cobrada por outras plataformas disponíveis no mercado. Esta comissão menor permite-nos oferecer preços mais reduzidos para os utilizadores e um rendimento maior para os motoristas.
Apresentamos ainda várias funcionalidades que dão ao motorista maior liberdade e flexibilidade na forma como trabalham. Por exemplo, damos aos motoristas controlo extra sobre onde querem recolher os passageiros, sendo que podem definir um raio de atuação perto de casa.
Estamos também a lançar em Lisboa um desconto especial de 50% em todas as viagens feitas até ao fim de janeiro. Adicionalmente, não iremos ter tarifa dinâmica ao início. As nossas tarifas são mais acessíveis do que o maior concorrente no mercado e, a longo prazo, temos o objetivo de ter tarifas cerca de 5% mais acessíveis do que os concorrentes.
Como é que essa comissão menor se vai refletir no serviço final?
O nosso foco como empresa sempre foi proporcionar aos motoristas uma maior percentagem de receita por cada viagem efetuada, já que o nosso lema é “motoristas felizes significa utilizadores felizes”. Para ter sucesso de forma sustentável, temos que tratar os nossos motoristas e utilizadores da mesma maneira com humildade e respeito. Se tratarmos melhor os motoristas, eles irão tratar melhor os utilizadores e isto resulta numa experiência melhor para ambos.
Quais os requisitos na seleção de motoristas?
Para conduzir com a Taxify, a pessoa deve ser um motorista que trabalha para uma empresa de gestão de frotas licenciada ou um motorista individual que tenha a licença necessária para o transporte de passageiros (ou seja, uma empresa em seu nome com licença para o transporte de passageiros). Existem três tipos de documentos que são necessários para a seleção de motoristas: documentos da empresa (seguro de responsabilidade civil e para acidentes pessoais); documentos do veículo (livrete e a prova de seguro profissional do carro); e documentos do motorista (cartão de identificação, carta de condução e registo criminal).
Quais as expetativas quanto à recetividade da vossa proposta, quer do público, quer dos restantes operadores?
Estamos com boas expetativas e como referi o feedback tem sido bastante positivo. Acreditamos que a concorrência melhora a qualidade do serviço e olhando para os nossos recentes lançamentos de sucesso em Paris e em Sidney, estamos confiantes de que em Lisboa também iremos ser bem-sucedidos. Ainda antes de termos lançado oficialmente a plataforma, já tínhamos 600 motoristas registados, prontos para começar as suas viagens, e milhares à espera para começar. Adicionalmente, 2500 utilizadores também já tinham feito o download da plataforma ainda antes do lançamento.
Para além de Lisboa, em que outras cidades planeiam disponibilizar este serviço?
Para já estamos focados em lançar a Taxify em Lisboa, mas no futuro queremos expandir a plataforma para outras cidades portuguesas.
Qual a importância estratégica de Portugal para as operações internacionais do grupo Taxify?
Os nossos mercados core são Europa e África. Neste sentido, Portugal é uma adição importante no mercado europeu, com o objetivo de conseguirmos a maior quota de mercado nesta região. O objetivo máximo da Taxify é sermos a plataforma de ride hailling número 1 na Europa e em África.
Respostas rápidas:
O maior risco: Ter optado por ir trabalhar para uma start-up em Londres, quando tinha uma boa proposta para um trabalho estável numa empresa grande nos EUA! Foi, no entanto, a melhor decisão que podia ter feito.
O maior erro: Tomar opções profissionais não dando a devida importância a quão motivado estarei. Sou um bocado obcecado pelos objetivos do trabalho. E, portanto, a única forma sustentável de conviver com esta “obsessão” é trabalhar em algo que realmente me motive.
A melhor ideia: Sem dúvida fazer o meu estágio de final de curso fora de Portugal (na Alemanha). Foi o primeiro passo para uma experiência no estrangeiro que não trocaria por nada.
A maior lição: Da escola McKinsey (que me deu sem dúvida várias “grandes lições”): receber feedback e atuar sobre ele é a mais rápida (se não única) forma de evoluir profissionalmente. Ao princípio estranha-se, mas com o tempo entranha-se.
A maior conquista: Tenho um pequeno conjunto de conquistas de que me orgulho e deste grupo não há nenhuma que se destaque. Apesar do mérito ser em grande parte da equipa, a mais recente é ter conseguido montar as operações da Taxify em Portugal num mês com uma equipa de três pessoas