Empreendedores sociais criam start-ups para fazer o bem

Conjugar lucro com empreendedorismo social é um equilíbrio que as start-ups estão cada vez mais a tentar fazer. Tudo em prol de um bem maior: a responsabilidade social.

Durante muito tempo foi dominante a ideia de que quem queria fazer “bem” no mundo teria que criar uma organização sem fins lucrativos. Bernhard Schroeder, diretor do Lavin Entrepreneurship Center na Universidade de San Diego, Estados Unidos, citado pela Forbes, assegura que atualmente já existe uma mudança de paradigma, pois cada vez mais empresas com fins lucrativos lidam com objetivos tradicionalmente sem fins lucrativos.

Ou seja, o empreendedorismo social é um domínio crescente nas empresas que veem o sucesso financeiro como uma forma de promover o bem-estar geral. Mas o empreendedorismo social é um termo amplo e abrangente, usado em diferentes perspetivas. No caso das empresas com fins lucrativos de âmbito social, estas não estão apenas a doar lucros ou materiais ou praticar responsabilidade social corporativa através de reciclagem, economizando energia ou apoiando causas sociais. As empresas de empreendedorismo social têm um modelo de negócio estruturado para fornecer produtos ou serviços que respondam às necessidades sociais ou ambientais.  Têm diferentes formas de estruturar a atividade, mas alguns empreendedores decidem optar por um equilíbrio entre os benefícios do modelo tradicional com fins lucrativos e as estrutura sem fins lucrativos.

Muitas pessoas querem ajudar a sociedade não com meras doações de caridade, mas investindo em empresas que dão retorno tanto através de lucro como pelos resultados sociais das suas atividades. Os investidores, principalmente os mais jovens, financiam consoante o impacto mensurável da atividade, em vez de um desejo difuso de apoiar as artes ou ajudar a comunidade. Esta nova geração de investidores acredita que o seu apoio terá mais impacto através do investimento a empresas híbridas.

Para exemplificar o que pode ser uma start-up social com fins lucrativos, o diretor do Lavin Entrepreneurship Center  apresentou quatro projetos, divulgados na Forbes, que têm como missão um apoio social, à escala mundial e focado nas pessoas.

SOLO Eyewear: “Viver e dar” é o lema da empresa de óculos SOLO Eyewear. A sua fundadora, Jenny Amaraneni, é deficiente visual e lançou o projeto quando se apercebeu da grande quantidade de pessoas que podem ficar cegas por não terem acesso a cuidados oftalmológicos. Através da sua start-up já ajudou mais de 13 mil pessoas, em 32 países, oferecendo 10% dos lucros para financiar cirurgias oftalmológicas preventivas.
O nome SOLO surgiu da ideia de que basta uma ideia, uma pessoa e uma ação para mudar o mundo.

Patagonia Tin Shed Ventures:  A Patagonia pretende desenvolver melhores produtos, sem causar danos desnecessários ao planeta, e usar práticas de bons negócios para inspirar e implementar soluções para enfrentar a crise ambiental. Implementa esta missão através de programas como o ActionWorks e também com o fundo de capital de risco privado Tin Shed Ventures, investindo em start-ups ambiental e socialmente responsáveis. A Patagonia usa a Tin Shed Ventures para financiar a próxima geração de empresas responsáveis.

TerraCycle: Foi criada em 2001 por Tom Szaky, na altura estudante da Universidade de Princeton, e tem como core a eliminação de resíduos. Tornou-se líder global na recolha e reutilização de resíduos difíceis de reciclar. Atua em mais de 20 países, envolvendo mais de 80 milhões de pessoas e reciclando milhões de peças de lixo através de várias plataformas.

Indosole: O fundador da Indosole, Kyle Parsons, viajou para a Indonésia e ali conheceu a realidade dos aterros que entram em combustão devido à quantidade de pneus existentes. Para enfrentar o problema, criou a Indosole, uma empresa de calçado com fins lucrativos que produz sandálias e sapatos feitos a partir de pneus reaproveitados. Por cada dois pares de sapatos vendidos, a Indosole evita que um pneu vá parar ao aterro. Além disso, cria empregos localmente e investe na comunidade de trabalhadores balineses, reunindo fundos para que as crianças frequentem a escola.

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