É um incentivador das ideias dos seus funcionários? Conheça os prós e os contras

Incentivar os colaboradores a partilharem ideias e a darem feedback sobre os processos de trabalho é uma estratégia que pode ter resultados muitos positivos na condução de uma empresa. Mas também tem alguns contras.
Os fabricantes mais inovadores incentivam, com regularidade, os empregados a exporem as suas ideias para melhorar produtos e processos. Na Toyota, por exemplo, os funcionários enviam anualmente mais de 700 mil ideias para melhorar processos de trabalho. Um operador de máquinas pode propor a alteração de uma ferramenta que ajude a aumentar a taxa de produção ou o condutor de uma empilhadora pode sugerir uma forma diferente de empilhar contentores para melhorar o fluxo de materiais.
Na avaliação destas ideias de desenvolvimento, as empresas confiam frequentemente na competência da pessoa que a apresenta. O que não é algo, necessariamente, negativo: quem teve a ideia é geralmente o especialista mais relevante porque sabe “como a coisa funciona realmente”.
A questão é que os empregados especializados podem sobrevalorizar ou subestimar as suas ideias, o que pode fazer com que a empresa deixe passar as boas ideias e invista em más. Para entender como surgem estes preconceitos nos funcionários, a Harvard Business Review analisou uma amostra alargada de ideias de processos de inovação implementadas por funcionários num fabricante europeu de automóveis. Adicionalmente realizou entrevistas aos especialistas da empresa e fez várias experiências comportamentais.
A primeira e, provavelmente, mais expectável conclusão foi a de que a sobrevalorização de uma ideia é um problema maior do que a subvalorização. Ou seja, de todas as ideias avaliadas, 74% estavam sobrevalorizadas, 20% subvalorizadas e 6% avaliadas de forma correta. São dois os fatores que, de acordo com a Harvard Business Review, levam os funcionários, autores das ideias, a ter este comportamento:
1. Hierarquias
Os dados recolhidos pela Harvard Business Review mostram que o preconceito do autor da ideia é 53% mais forte entre funcionários que trabalham em posições hierarquicamente mais elevadas. As ideias concebidas por diretores estão sobrevalorizadas em cerca de 42%, enquanto que as dos trabalhadores de primeira linha estão, normalmente subvalorizadas em cerca de 11%. O que vai ao encontro da crença de que uma ideia é sobrevalorizada quando apresentada por um diretor.
2. Individuais ou em equipa
A análise revela também que o preconceito de um empregado relativamente à sua ideia é mais forte naqueles que criam as ideias em equipa do que naqueles que o fazem sozinhos. Estes valorizam as suas ideias em apenas 4% em oposição aos 41% registados nas equipas. Isto também vai ao encontro da crença de que as pessoas esperam que os grupos sejam mais imparciais que os indivíduos. E quanto maior o grupo, mais inteligente é.
Em suma, a pesquisa da Harvard Business Review permite concluir que contar com a genialidade de um chefe pode ser uma estratégia arriscada, assim como que os empregados empoderados não são necessariamente mais sábios. Por outro lado, embora uma equipa possa sobrevalorizar uma ideia, esta sobrevalorização torna-se menos provável se os seus autores criarem alguma distância relativamente ao processo que a originou.