Opinião

Criar talento para o empreendedorismo

Alexandre Meireles, presidente da ANJE*

O Movimento Júnior Português conheceu um franco desenvolvimento nos últimos anos. Os jovens que frequentam o ensino superior demonstram hoje uma maior apetência pelo empreendedorismo, conscientes que estão de que o conhecimento especializado e as competências tecnocientíficas que adquirem nas universidades e politécnicos se adequam a modelos de negócio de base tecnológica.

Por outro lado, as dificuldades de valorização profissional dos jovens pelo mercado de trabalho, mesmo os mais qualificados, tornam o empreendedorismo uma alternativa de carreira a considerar seriamente.

De resto, as instituições portuguesas de ensino superior inscreveram na sua missão institucional a valorização económica do conhecimento. Universidades, politécnicos e respetivos centros de I&D+i funcionam como verdadeiros ecossistemas de empreendedorismo e inovação, garantindo aos estudantes boas condições para a conversão de conhecimento em projetos empresariais.

Considero, a propósito, que a preparação para a atividade empresarial se deve fazer ao longo do ciclo de estudos superiores, independentemente da área científica ou das perspetivas de emprego no final do curso. Os estudantes devem encarar o empreendedorismo como hipótese de carreira logo nos primeiros anos de faculdade e começarem, desde essa altura, a trabalhar as suas ideias de negócio. Isto significa aplicarem o conhecimento que vão adquirindo com um propósito empresarial, tendo em vista a criação de júnior empresas, designadamente start-ups intensivas em inovação.

Importa, contudo, ter bem presente que muitos estudantes não têm vocação para ser empreendedores. Uma boa parte dos jovens diplomados não possui os traços de personalidade adequados ao empreendedorismo, como a determinação, a perseverança, a abnegação ou o inconformismo. Embora não garantam o sucesso na atividade empresarial, estas características pessoais são determinantes para fazer avançar as ideias de negócio e consolidar as start-ups.

Independentemente de seguirem, ou não, a atividade empresarial, os estudantes do ensino superior devem ter consciência de que, com o rápido avanço tecnológico, as necessidades do mercado de trabalho estão a mudar aceleradamente. Por isso, os jovens têm de saber adaptar as suas competências a essa mudança. A adaptabilidade é fundamental ao acesso e à integração no mercado de trabalho, circunstância que exige mais formação ao longo da vida.

Os estudantes devem, pois, mentalizar-se de que, durante os seus percursos pessoais, vão ter muitas vezes de atualizar os seus conhecimentos ou até de adquirirem outra formação base, ao mesmo tempo que as suas carreiras profissionais se alteram radicalmente.

Sinal dos tempos, as engenharias dominam a lista de cursos com maior procura e registam as classificações de ingresso mais elevadas dos últimos concursos de acesso ao ensino superior. Isto significa que os jovens portugueses estão a adquirir competências em áreas fundamentais da economia do conhecimento, preparando-se assim para os desafios da transformação digital do tecido produtivo.

Estamos, pois, a formar talento tecnológico essencial quer para a produtividade e competitividade das empresas, quer para a densificação do Movimento Júnior Português.

*ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários

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Alexandre Meireles

Alexandre Meireles

Alexandre Meireles, 38 anos, foi eleito (no final de fevereiro 2020) presidente da Direção Nacional da ANJE- Associação Nacional de Jovens Empresários, para o triénio 2020-22. Natural de Amarante, é licenciado em Engenharia Eletrotécnica, no ISEP, e tem o Curso Geral de Gestão da Porto Business School. A sua carreira profissional esta ligada a diferentes setores de atividade, entre os quais restauração e saúde. No período de 2009 a 2011 foi energy division coordinator no grupo Mota-Engil, e depois dessa... Ler Mais..

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