Opinião

Segmentos que cresceram e se reinventeram no mercado brasileiro

Daniella Meirelles, fundadora da DBRAND e Yuppy

A pandemia trouxe uma grande aversão ao risco e uma queda do financiamento a pequenas empresas. Apesar disso, o Brasil possui uma cultura empreendedora muito forte e a combinação de baixas taxas de juros e maior liquidez no mercado internacional deve trazer um aumento do capital disponível para financiar novos negócios.

Abaixo, segue uma lista de alguns segmentos com alto potencial de crescimento e que se têm mostrado
mais resilientes neste período. Entre eles:

Alimentação “plant-based” – segundo pesquisas, 55% da população brasileira afirma que é favorável a
consumir mais produtos veganos (sem ingredientes de origem animal). Prova disso, é que a Burger King já
lançou por aqui sanduíches sem carne e à base de vegetais na sua rede de lojas.

Cosméticos de origem natural (à base de plantas, extratos botânicos e óleos vegetais) são uma grande
tendência, tendo já conquistado o interesse de 41% da população.

Lojas de artigos usados (Brechós) – têm crescido muito no ambiente online, o que possibilita que se possa vender para todo o Brasil. Segundo dados da E-Commerce Brasil, o site Enjoei (referência por aqui), tem crescido 80% ao ano.

Corte e costura – o desejo de personalização e autenticidade tem feito crescer a procura por ateliês de
costura, o que se tem refletido no crescimento da indústria de máquinas de costura e de alunos nas
escolas de corte e costura.

Perfumes personalizados – Segundo a Abihpec, uma das tendências são as fragrâncias “DIY”(Do It
Yourself ou Faça-Você-Mesmo), que permite ao consumidor criar seu próprio perfume.

Coworking – depois de uma grande baixa em abril, o mercado de coworking começou a dar sinais
positivos com uma procura 70% superior em julho comparado a junho. Para grandes empresas, o
coworking é atrativo pela redução de custos e flexibilidade nos contratos. Para os freelancers e
profissionais que ficaram desempregados, e que nem sempre possuem condições adequadas para
trabalhar em casa, o coworking é uma opção para realização de atividades profissionais. Há coworkings
dedicados a nichos específicos como moda, agronegócio, beleza, educação, gastronomia, entre outros.

Desenvolvimento de aplicações – mercado altamente promissor pois 60% dos brasileiros utilizam apps
diariamente. De acordo com uma pesquisa da Pew Research, essa indústria deve movimentar US$ 6,3
trilhões até 2021.

Drones – De acordo com um relatório da FAA ( Federal Aviation Administration), o setor deve triplicar até
2023 e o uso comercial deve crescer no agronegócio e principalmente no setor de logística.

Infoprodutos – muita gente já faturou milhões começando do zero, mas o mercado ainda engatinha
diante do potencial criado pela internet. Plataformas como TurboMKT, Monetizze e Hotmart têm
crescido através da monetização de infoprodutos como livros, cursos e palestras e do marketing de
afiliados.

Pagamento por aproximação – o sistema “aproximou, pagou” chegou ao setor bancário, ao retalho e às
linhas de transporte público das principais capitais do país, aceitando pagamento com cartões de
crédito e débito, telemóvel ou qualquer outro dispositivo wearable (relógios, pulseiras, etc). A Covid-19
impulsionou ainda mais o crescimento desse sistema devido ao facto de dispensar o toque nas
máquinas de pagamento.

Microcervejas – O mercado ganhou 186 novas fábricas e cresce a um ritmo de 35% ao ano, segundo a
Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva).

Impressões 3D – O crescimento no mercado brasileiro é de 24,1% ao ano, segundo dados da IDC do
Brasil. Os segmentos mais promissores são: aeroespacial, logística, química e biotecnologia, saúde,
mineração e energia.

Pets – Hoje, o Brasil é o segundo maior mercado pet do mundo, tendo faturado R$ 18,9 bilhões no ano
passado, de acordo com a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de
Estimação). Desde o início da pandemia, o setor disparou em 30%.

Cafés especiais – O brasileiro também é o segundo maior consumidor de café do mundo, respondendo
por 13% da procura global, de acordo com dados publicados no ano passado pela Associação Brasileira
de Indústria de Café (ABIC). Devido à seleção qualificada de grãos e produção certificada, a procura
por cafés especiais tem crescido 15% ao ano enquanto o café tradicional segue a 3,5% ao ano.

Realidade virtual e realidade aumentada – Segundo o IDC, o setor de AR/VR deve atingir US$ 53 bilhões
até 2022, impulsionado pelo retalho, manufatura e transporte. Em 2017, um estudo da Wordplay revelou
que 73% dos brasileiros naquela época já tinham interesse em fazer compras utilizando um dispositivo
de realidade virtual.

Outros segmentos do mercado conseguiram inovar revendo seus processos e implantando soluções
tecnológicas que serviram de apoio e crescimento para seus negócios. Dentre eles, os setores de:

Ramo imobiliário – investiram em tours virtuais, na qualidade das imagens e dos vídeos dos imóveis
em sites e aplicações, além da adoção de assinatura online.

Saúde – hospitais e clínicas intensificaram o uso da telemedicina e tem treinado equipas médicas.

Arquitetura – arquitetos passaram a trabalhar com um maior volume de informações fornecidas por
cliente a fim de formatar projetos em 3D.

Educação – a educação à distância (EAD) ganhou força, obrigando as organizações a terem
infraestrutura e planeamento apropriados e um corpo docente treinado e preparado.

Fitness – Oferta de aulas gravadas ao vivo além de acompanhamento dos professores e suporte aos
alunos mantiveram a sobrevivência de várias academias.

De fato, a pandemia tem sido um grande desafio para todos, obrigou vários setores a reinventarem-se,
fechou a porta para alguns e para outros gerou um impulso ao crescimento. As empresas que aqui já
estavam no mundo online e ofereciam serviços digitais, “nadaram de braçada”, ou seja, caminharam a
passos largos. Já aqueles que resistiram à adoção da tecnologia e em ‘adentrar’ o mundo online, na grande maioria, viram seus negócios morrerem. Aqueles que conseguiram ser rápidos e se reinventaram no
meio de tanta mudança, colheram os frutos.

De tudo uma certeza: a aprendizagem. A mudança nas nossas vidas é constante. A adaptação ao mercado e
às novas regras que são impostas ao empreendedor (sejam elas sociais, econômicas, fiscais, políticas,
tecnológicas) são uma questão de sobrevivência.
Para os que seguem com medo de inovar, fica aqui uma provocação: tente estagnar.

Quando você vence o medo do desconhecido e ousa dar um passo à frente, sair da sua zona de conforto;
além de crescer como pessoa e profissionalmente, você adquire um novo conhecimento, uma nova
habilidade, você se torna mais forte.

Ao abraçar o desconhecido e sair da sua zona de conforto, você exercita o músculo da coragem e quando você chega do outro lado do rio dá-se conta que foi tão fácil e pergunta-se porque não ultrapassei essa barreira antes?

Por isso, meu caro (a) leitor, não perca tempo, ouse, quebre as barreiras que forem necessárias, com a fé e
a certeza de que toda mudança é sempre para melhor. Já imaginou se ainda vivêssemos no mundo da
datilografia?

A todos, meu desejo de que inovem, ousem e se reinventem. A pandemia trouxe muitos desafios, mas
também muitas oportunidades. Como já detalhei aqui, há vários segmentos com grande perspetiva de
crescimento no Brasil. Olhem “o copo metade cheio” façam acontecer!

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Daniela Meirelles

Daniela Meirelles

Daniela Meirelles é empreendedora, business advisor, mentora de start-ups e palestrante (Branding, Empreendedorismo e Liderança). Foi fundadora da DBRAND, consultora de branding, marketing e inovação; fundadora/CEO da Yuppy, start-up de media, marketing e eventos; mentora nos programas Startup Rio, Startup Weekend e Founder’s Institute; palestrante; e também atua na organização do II Chapter da Singularity University, no Rio de Janeiro. Tem 15 anos de experiência em marketing, branding e desenvolvimento de novos negócios. Desenvolveu inúmeros projetos para pequenas, médias e... Ler Mais..

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