CoRe Capital compra 51% da Bolseira Packaging

O fundo CoRe Consolidar investiu na empresa de Aveiro para consolidar o mercado português das embalagens de papel. A Bolseira exporta mais de 70% para França.

A CoRe Capital passou a representar 51% do capital da Bolseira – Embalagens, SA, a empresa de sacos de papel de baixa gramagem instalada na Zona Industrial de Mamodeiro, no sul do concelho de Aveiro. A sociedade gestora acionou o seu fundo de capital de risco CoRe Consolida no passado mês de dezembro para investir na Bolseira através de um aumento de capital.

“O objetivo é consolidar um setor atomizado feito de pequenas PME nacionais e transformá-lo numa indústria alinhada com as tendências europeias de redução do plástico. A família Tribuna, que detinha a totalidade da empresa, mantém-se na gestão”, explica a CoRe Capital em comunicado, referindo que “identificou um grande potencial de crescimento nesta empresa de Aveiro que exporta 78% da sua produção”.

A indústria das embalagens de papel representa mil milhões de euros de vendas em Portugal, 18 mil milhões de euros no mundo e, de acordo com a Statista, vai crescer a um ritmo de 11% ao ano até 2030, acompanhando a tendência internacional de desplastificação.

“Este investimento tem o objetivo de fazer crescer a operação através de crescimento orgânico e de aquisições, tendo o investimento da CoRe capitalizado a empresa para, rapidamente e via consolidação, ganhar a escala que tanta falta faz às PME nacionais”, afirma Martim Avillez Figueiredo, sócio da CoRe Capital e que assumiu a presidência do conselho de administração da Bolseira.

“Atualmente é a França o principal mercado da Bolseira: o nosso objetivo é colaborar com os irmãos Helena, Fernando e José Tribuna para darmos corpo à sua visão de crescimento em Portugal e na Europa, nomeadamente em Espanha e alcançar em breve a escala que coloque a empresa no top 20 da rentabilidade das empresas ibéricas. O mercado de Espanha tem empresas de grande dimensão, mas de pouca customização e margens baixa”, acrescenta o responsável.

Com as novas aquisições e o investimento em novas máquinas, a CoRe e a família Tribuna contam aumentar em breve a dimensão da Bolseira, faturando acima dos “30 milhões de euros e registanto EBITDAs superiores a 6 milhões de euros”.

“Para a CoRe é um privilégio trabalhar com os três irmãos Tribuna, empresários portugueses com visão e vontade de crescer que viram neste investimento as virtudes do ‘smart money’”, refere ainda Martim Avillez Figueiredo. “O acesso em Portugal ao investimento de capital de risco – indústria que é responsável por mais de 6% do PIB nas maiores economias do mundo – dá finalmente à indústria portuguesa a oportunidade de crescer e consolidar-se, beneficiando do ‘know-how’ histórico de empresárias e empresários que sabem como fazer e têm a ambição de fazer mais e melhor”, diz.

O CoRe Consolida – de que são sócios Nuno Fernandes Thomaz, Martim Avillez Figueiredo, Pedro Araújo e Sá e Pedro Soares David e que é financiado pelo Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR) através do Banco Português de Fomento – é um fundo de investimento em PME de 74,5 milhões, dos quais 25 milhões são capital privado. Desde o final de 2023 que a CoRe tem vindo a apostar na indústria portuguesa, investindo em empresas como a Palsystems, sediada em Viseu e que produz, comercializa e exporta paletes de madeira. Investiu também na Purever, empresa nacional especializada em produtos de refrigeração e em painéis e portas de isolamento para a indústria alimentar, farmacêutica, hospitalar e eletrónica, ou na Portugal Senior Health Care (PSHC), empresa de residências assistidas e para a terceira idade.

“O compromisso que temos com os nossos investidores privados, com o Banco de Fomento e com o país, é reforçar o investimento em setores que criam valor para a economia nacional e que tornam a nossa indústria mais competitiva nos mercados europeu e global”, afirma Martim Avillez Figueiredo.

Através dos seus fundos de capital de risco a CoRE, fundada em 2018, tem investido sobretudo na indústria transformadora, casos da Electrofer, unidade de metalomecânica da Marinha Grande cujo processo de recuperação se iniciou em 2019: foi vendida à Metalogalva, empresa do VigentGroup com um volume de negócios consolidado de 400 milhões de euros e presença em 15 países. A Jayme da Costa, do setor elétrico e de engenharia, foi investida pela Core Capital em 2018 com uma faturação de cerca de cinco milhões de euros: em outubro de 2023, depois do processo de recuperação operado pela CoRe, foi vendida à Visabeira com faturações de 50 milhões de euros.

Comentários

Artigos Relacionados