Start-ups de healthtech europeias expandem-se noutros continentes

O sistema de saúde europeu depara-se há vários anos com múltiplos problemas e, simultaneamente, com a falta de iniciativa institucional para os resolver. Por isso, algumas start-ups do setor estão a olhar para o exterior como forma de encontrar a escala que pretendem.

Os entraves que o sistema saúde europeu coloca ao desenvolvimento e implementação de soluções tecnológicas nos domínios, direta ou indiretamente, relacionados com esta área de atividade, levam muitas start-ups a olhar para da além Europa como uma possibilidade para escalarem os seus projetos.

É o caso da sueca Kind, uma start-up tecnológica que está a expandir os seus negócios para fora do seu país de origem bem como do mercado europeu, isto porque o tipo de produto que desenvolveu para profissionais de saúde especializados, exige escala para que resulte economicamente. Por isso, em vez de tentar expandir na Europa, a empresa está a olhar para o Médio Oriente e para a América do Sul.

De acordo com a informação que a fundadora Charlotta Tönsgård disponibilizou ao site Sifted, a regulamentação na Europa e a postura face ao setor torna as inovações em saúde particularmente difíceis. Além de diferente entre países, por vezes a regulamentação também varia entre regiões. Os processos diferentes de compras geralmente favorecem grandes empresas, em vez de start-ups, frisou aquela empreendedora.

E embora existam inúmeras empresas de tecnologia de saúde a tentar conquistar a Europa, principalmente start-ups de telemedicina como a Kry e a Doctolib, outras optaram por se expandir para outros lugares. A Babylon Health é um exemplo disso. Após um lançamento muito bem-sucedido no Reino Unido, a missão declarada pelo fundador Ali Parsa é “colocar um serviço de saúde acessível nas mãos de todas as pessoas do mundo”.

No entanto, a Babylon não está a ser lançada nos países europeus vizinhos. Em vez disso está a procurar mercados maduros como o Canadá ou nações africanas fortes em tecnologia. Outras empresas também apontaram as dificuldades de obter lucro na Europa. A start-up de saúde digital sueca Docly interrompeu recentemente os seus projetos piloto na Holanda e em França.

Como explicou a fundadora da Kind ao Sifted, na opinião das start-ups parte do problema do sistema de saúde europeu está no facto de os sistemas subjacentes não serem bons na identificação de novas soluções. Ou seja, foram adicionados mais serviços, mas não de uma forma muito escalável. A Kind, por exemplo, já conseguiu vender a sua ferramenta de comunicação para três dos maiores hospitais da Suécia, mas as possibilidades num país de 10 milhões de pessoas são limitadas.

Quando se trata de expandir para mercados fora das fronteiras europeias, a fundadora da  Kind refere que o Médio Oriente e a América do Sul apresentam grande potencial. No caso da região latino-americana, é um mercado em rápida evolução com clientes de alta manutenção, digitalmente maduro, tem uma dimensão significativa e há muita pressão para a evolução, tanto dos consumidores quanto do próprio sistema de saúde.

Comentários

Artigos Relacionados