Como pode haver confiança sem integridade no mundo laboral? O estudo da EY dá pistas.
O “Global Integrity Report 2024” da EY revela que as pressões, internas e externas, sobre os comportamentos dos funcionários permanecem elevadas.
49% dos inquiridos no estudo “Global Integrity Report 2024”, da EY, acredita que os padrões de integridade nas suas organizações melhoraram nos últimos dois anos, e 90% está confiante de que os seus colegas cumprem as leis, códigos de conduta e regulamentos do setor relevantes. A questão “Como pode haver confiança sem integridade?” que serviu de ponto de partida para o estudo da EY foi colocada a 5464 colaboradores e membros da direção em 53 países e territórios.
A pesquisa constata que 49% dos inquiridos acredita que os padrões de integridade nas suas organizações melhoraram nos últimos dois anos, e 90% está confiante de que os seus colegas cumprem as leis, códigos de conduta e regulamentos do setor relevantes. Para isso, destacam a maior orientação por parte da Administração (61%); regulamentação mais rigorosa, pressão por parte das entidades reguladoras e das autoridades responsáveis pela aplicação da lei (48%); exigências por parte dos clientes (37%), do público em geral (33%) e dos acionistas (26%); e pressão por parte dos colaboradores (22%).
O Global Integrity 2024 também avaliou as pressões sobre os padrões de integridade. Apesar das melhorias registadas, 50% dos inquiridos admite que é um desafio para as suas organizações manter os padrões de integridade em condições de mercado desafiantes.
Além disso, 30% afirma que o atual ambiente macroeconómico representa a maior pressão externa para que os funcionários violem os padrões de integridade, enquanto 28% reconhece que a maior ameaça interna advém do facto de os funcionários não compreenderem as regras de conduta.
Relativamente a outras pressões externas sobre as condutas que os inquiridos apontam incluem-se as ameaças cibernéticas (26%), as crises relacionadas com a saúde (22%), as expetativas do desempenho financeiro (22%), as perturbações na cadeia de abastecimento (21%) e as ameaças geopolíticas (15%).
Já quanto aos fatores internos citados vão desde a elevada rotação dos trabalhadores (26%), até à falta de recursos (25%), à pressão da administração (24%) e à falha dos processos ou controlos financeiros (20%). O estudo revela ainda que 68% violações significativas de normas de compliance e das maiores fraudes são cometidas por terceiros.
O Global Integrity 2024 destaca ainda uma lacuna quando se trata de comunicar a importância de agir com integridade. Mais de metade dos membros dos Conselhos de Administração (56%) e dos quadros superiores (53%) inquiridos afirmam que os líderes destacam frequentemente a importância da conduta ética, mas esta percentagem desce para apenas um terço (33%) no caso dos trabalhadores de níveis inferiores.
Salienta ainda que a perceção generalizada de que os padrões de integridade nas organizações podem variar consoante a posição hierárquica, sendo frequentemente dada maior tolerância aos funcionários superiores. Cerca de 31% dos inquiridos afirma que o comportamento pouco ético é consentido quando os envolvidos são quadros superiores ou de elevado desempenho.
O Global Integrity Report 2024 da EY conclui também que os membros dos Conselhos de Administração têm muito mais probabilidades de terem manifestado preocupações sobre uma potencial conduta incorreta que não comunicaram através de um canal de denúncia (43% em comparação com 19% dos membros mais juniores da organização). O estudo da EY sugere que as organizações precisam de fazer mais para criar uma cultura de denúncia segura para os funcionários que identificam irregularidades.
Embora o número de organizações que não dispõem de uma linha direta para denúncias tenha diminuído para metade desde 2022, mais de metade dos inquiridos (54%) que utilizaram uma linha direta afirmam ter sofrido pressões para não o fazer. Os líderes de topo também tendem a sobrestimar os progressos que fizeram para criar uma cultura positiva de denúncia nas suas empresas, conclui o estudo.