Lições de empreendedorismo de um jovem que foi recusado por dezenas de investidores

Nick Green, cofundador do Thrive Market, partilha algumas lições sobre o que aprendeu no seu percurso enquanto empreendedor, que começou quando ainda era estudante universitário.

São raras as pessoas que têm a felicidade de encontrar poucas barreiras no seu percurso até ao sucesso. Por outro lado, também são poucas as que estão dispostas a sair da sua zona de conforto e percorrer um caminho menos convencional. Este é o caso de Nick Green, que em vez de acabar o curso na Harvard Business School e construir uma carreira segura com um trabalho convencional, decidiu optar pelo caminho mais arriscado: o de ser um empreendedor.

Foi numa entrevista ao DealMakers Podcast – e transcrita na Forbes – que o cofundador do Thrive Market, um mercado online de produtos orgânicos a custos reduzidos, explicou como começou o seu percurso no universo do empreendedorismo e partilhou alguns conselhos com quem está agora a a dar os primeiros passos neste domínio.

Como tudo começou

O caminho começou a ser cimentado em Harvard – numa altura em que Nick ainda pensava que se ia tornar um advogado ou um investidor bancário. Em vez disso, o primeiro projeto paralelo à universidade, ainda no primeiro ano, levou-o para um rumo totalmente diferente. Na altura, Green tinha de escolher entre um emprego em part-time normal ou começar um projeto próprio onde pudesse utilizar a sua criatividade.

Foi esta última opção que acabou por ser escolhida. À capacidade criativa juntou-se uma lacuna no mercado: em Minneapolis, cidade natal do jovem empreendedor, não havia apoios disponíveis para os estudantes que se quisessem preparar para os SATs (exame padrão dos Estados Unidos realizado pelos estudantes do ensino médio). A falta de organizações que apoiassem estes alunos levou Nick a criar o seu próprio projeto de formação.

Acabou por trabalhar com 250 alunos no primeiro verão da iniciativa. O resultado foi positivo em termos de números – tendo-lhe rendido dezenas de milhares de dólares – e, além disso, também causou um impacto na comunidade. O projeto começou a crescer, o que levou o jovem fundador a contratar outros alunos de Harvard e de outras universidades. Os novos colaboradores recebiam um tutorial completo de como deveriam realizar o seu trabalho: desde formação em marketing e vendas, até como gerir o seu próprio negócio durante o verão.

Entretanto, a californiana Revolution Prep adquiriu o negócio criado pelo estudante.

Ensinamentos do primeiro projeto

Foi também por esta altura que Nick Green se mudou para a Costa Oeste dos Estados Unidos. Apesar de ter vendido o negócio que criou alguns anos antes, a vontade de ser empreendedor perdurou. Olhando para trás, Nick explica no podcast que sente que “falhei o meu caminho até ao sucesso de muitas formas naquele negócio”.

Adiantou também que aquilo que tinha aprendido até então nas salas de aula pouco lhe servira no seu percurso de empreendedor e que teve de “desaprender” muito daquilo que lhe tinha sido ensinado. Parte do problema vem do facto de que na academia é necessário seguir as regras e fazer de tudo para correr o mínimo de riscos  – o extremo oposto ao empreendedorismo, onde é necessário sair da zona de conforto e quebrar regras.

Dos vários ensinamentos, sobressaiu um: nunca mais queria lançar um negócio sozinho. Este primeiro projeto foi levado a solo. Não havia outros cofundadores, investidores ou mentores.

Thrive Market

Depois de ter vendido a sua primeira start-up, juntou-se à Launchpad LA, uma aceleradora de Los Angeles, onde se tornou um entrepreneur-in-residence. Durante os seis meses em que esteve na aceleradora passaram-lhe mais de 500 empresas pelas mãos.

Passado este meio ano, Green decidiu arrancar para outra aventura: o Thrive Market. Mas, desta vez, lançou-se com outros três cofundadores. Investiram centenas de milhares de dólares do próprio bolso para lançar o negócio.

Em oposição ao primeiro, este não correu tão bem. O investimento inicial no website acabou por não compensar e foram rejeitados por dezenas de investidores de capital de risco dos vários cantos dos Estados Unidos. Mas nem tudo correu mal. Acabaram por levantar oito milhões de dólares (7,15 milhões de euros) junto dos fãs.

Tal como muitos outros negócios de sucesso, o primeiro escritório/armazém da Thrive Market foi uma garagem, que à noite se transformava no local de embalamento dos produtos.

Poucos meses depois já tinham um especialista em distribuição e um armazém com mais de 3.700 metros quadrados. Atualmente, quatro anos depois do lançamento, possuem quatro armazéns que dispõem de um espaço total de cerca de 75 mil metros quadrados.

A importância dos verdadeiros influencers

Tal como explica no podcast, grande parte do sucesso do Thrive Market veio dos fãs e dos influencers das redes sociais e blogs. Tornaram num veículo de promoção da marca, como também acabaram por investir no projeto que tem cerca de 200 investidores, entre os quais se incluem algumas celebridades.

Apesar das celebridades terem uma legião de seguidores nas redes sociais, o fundador explica que o maior valor promocional é criado por influenciadores especializados em saúde e bem-estar.

Este novo formato de publicidade tem tido cada vez mais sucesso e as marcas tendem a alocar parte do seu orçamento de marketing para fazer parcerias com estes influencers. Mas o resultado nem sempre é o esperado e é por isso que Green deixa alguns conselhos às marcas que queiram enveredar pela colaboração com estes líderes de opinião:

– Sejam autênticos no conteúdo que passam;
– Encontrem influenciadores que sejam autênticos e que sejam respeitados pelas suas audiências;
– Deem-lhes oportunidade de participar no negócio;
– Trabalhem com aqueles que sejam relevantes e que compreendam e partilhem a mesma filosofia;
– Mantenham-se em contacto com os influencers.

O percurso no empreendedorismo está repleto de fracassos

Depois da sua primeira experiência a solo, Nick acredita que “podemos avançar rápido quando estamos sozinhos, mas que podemos ir mais longe quando estamos juntos”. Acrescenta, também, que se pudesse dar um conselho ao “Nick Green mais jovem” dir-lhe-ia para não ser tão duro consigo mesmo: “o caminho para o sucesso está repleto de fracassos [e] cada um destes fracassos ajuda-o a dar o próximo passo. Sê humilde e não sejas tão duro contigo. Utiliza esses fracassos como oportunidades para aprenderes e para saberes que se continuares, se fores resiliente e caminhares na direção certa, podes conquistar coisas muito grandes”, concluí o jovem empreendedor.

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