Burnout feminino cresceu durante a pandemia e prejudica a carreira

Uma pesquisa da McKinsey & Company mostra que um terço das mulheres inquiridas considera reduzir a sua carreira profissional ou mesmo abandonar o mercado de trabalho.

Um ano e meio após o início da pandemia Covid-19, as mulheres obtiveram, pelo mundo fora, vitórias importantes em termos de representação e de liderança, mas também pagaram o “preço”, mais que os homens (dizem os especialistas), do stress e esgotamento pela sobrecarga profissional e pessoal que este período acarretou.

O Women in the Workplace, uma pesquisa anual da McKinsey & Company, realizada em parceria com a LeanIn.Org, junto de 65 mil trabalhadores, em 423 organizações no mercado americano, indica que um terço das mulheres estava a considerar a possibilidade de reduzir a sua carreira ou, inclusive, de abandonar por completo o mercado de trabalho. Este valor representa uma subida de quase 10 % face ao início da pandemia.

De acordo com a pesquisa, as mulheres são mais propensas a relatar a existência de burnout do que os homens, uma realidade que aumentou no ano passado. Rachel Thomas, cofundadora e diretora executiva da Lean In., afirmou que as suas preocupações são o impacto, a longo prazo, do esgotamento pela pandemia nas mulheres e o que as empresas precisam fazer para reagir a essa situação.

O Women in the Workplace 2021 revela também que, nos últimos cinco anos, a representação das mulheres aumentou a todos os níveis. Por exemplo, ocupam quase 50% de todos os empregos de nível básico e cerca de 1/4 dos cargos executivos, valores que evidenciam um aumento face aos registados nos últimos anos.

Estas “conquistas” femininas balançaram durante a pandemia, destaca o relatório, uma vez que a pandemia continua a afetar os funcionários, especialmente as mulheres. Nos Estados Unidos, mercado alvo do estudo, a dificuldade para cuidar das crianças durante o auge do período pandémico já empurrou milhões de mulheres para fora do mercado de trabalho.

Mas cuidar dos filhos é apenas uma parte das tarefas associadas às mulheres. Os trabalhadores que têm chefias femininas referiram que as chefes são mais propensas a fornecer suporte emocional e a ajudá-los a lidar com questões de vida profissional durante a pandemia. Por outro lado, as líderes seniores também são mais disponíveis para assumir trabalhos formais e informais, promovendo desta forma a diversidade e a inclusão nas suas empresas. O relatório constata que este tipo de trabalho, na maioria dos casos, não é reconhecido nem recompensado, nem incluído nas avaliações de desempenho.

Jess Huang, sócia da McKinsey e coautora do estudo, explica que, e tendo em conta os últimos anos, “existe toda uma componente de desempenho das mulheres que pode não estar vinculado a métricas operacionais e financeiras”.

O Women in the Workplace 2021 acaba por concluir que, e apesar dos pequenos avanços conquistados no último ano e meio, o mundo corporativo ainda reserva muitos problemas para as mulheres, sobretudo quando assumem funções de gestão, onde ainda é mais provável que vejam a sua competência contestada ou as suas decisões questionadas pelos seus pares masculinos.

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