As fundadoras são mais propensas a atrair fundos de capital de risco
Muito se tem falado sobre a desigualdade entre homens e mulheres no acesso a financiamento. Um novo relatório do Female Founders Forum refere que as mulheres consegue ter mais sucesso neste domínio que os elementos do sexo masculino.
A disparidade na forma como as start-ups criadas por mulheres e as fundadas por homens acedem ao financiamento é há muito uma questão controversa e tradicionalmente desfavorável às empreendedoras. Porém, novos dados mostram que as start-ups lideradas por mulheres que têm sucesso na primeira ronda de financiamento são mais propensas a atrair financiamento numa fase mais avançada, que as empresas lideradas por homens. A conclusão resulta de um novo relatório do Female Founders Forum, citado pela Sifted. Os dados são relativos ao Reino Unido e revelam que, uma vez financiadas, a percentagem de start-ups com uma fundadora que obteve rondas adicionais de capital é de 52%, comparativamente aos 51% das start-ups lideradas por homens.
Embora seja uma diferença marginal, estas estatísticas dão uma nova perspetiva a esta eterna relação de forças e salientam que o maior obstáculo para as empresárias reside no financiamento da fase inicial da empresa e não mais tarde. Ou seja, nas fases iniciais, os números de financiamento não são otimistas para as start-ups lideradas por mulheres, com apenas 21% destas a receber qualquer investimento.
Todavia, ultrapassada com sucesso etapa inicial, isto é, a primeira ronda de financiamento, a situação melhora substancialmente, com as start-ups fundadas por mulheres a conseguirem receber mais rapidamente capital do que as fundadas por homens.
Para as start-ups que ultrapassaram os cinco ou mais anos após o seu primeiro financiamento, 66,5% das fundadas por mulheres garantem uma segunda ronda de financiamento, em comparação com 62,8% para start-ups lideradas por homens. Nesse estágio, as start-ups lideradas por mulheres também têm mais probabilidade de garantir uma terceira ronda de financiamento: 42,8% contra 41,8% para start-ups sem uma fundadora.
Neste estudo, as empresas fundadas por mulheres são definidas como start-ups que incluem pelo menos uma mulher na equipa fundadora. O relatório é baseado em dados do Reino Unido, mas o mesmo tipo de padrão pode ser encontrado noutros países.
Pesquisas divulgadas nas últimas semanas sobre o ecossistema de start-ups nos Estados Unidos mostraram que, uma vez financiadas, as start-ups fundadas por mulheres aumentam em média mais de 25% a mais em financiamento de capital de risco do que aquelas com todas as equipes masculinas.A pesquisa nos EUA constatou que essa aparente vantagem para equipas femininas fortalece a cada sucessiva ronda de financiamento.
No Reino Unido, alguns dos maiores financiamentos do ano passado foram para start-ups criadas por mulheres. Foram os casos dos 117,5 milhões de libras (136,4 milhões de euros) para a start-up de biotecnologia Orchard Therapeutics e dos 38 milhões de libras (44.1 milhões de euros) captados pela empresa de defesa cibernética Darktrace. Annabel Denham, diretora da Female Founders Forum, reforçou a importância das redes e modelos femininos ao frisa ser preciso “mais investimento para estas empresas, mais redes femininas e muitos mais modelos para inspirar a próxima geração”.