A start-up brasileira que quer tornar o setor bancário mais inclusivo

A Nubank quer inovar não só no setor bancário, como também tornar este mercado mas inclusivo. Tendo em conta a sua própria experiência, a cofundadora da start-up brasileira de fintech, Cristina Junqueira, pressionou os restantes sócios para tornar a empresa mais inclusiva e para a introdução de políticas de recursos humanos voltadas para as mulheres. E o resultado está à vista.

Em 2013, Cristina Junqueira era a única mulher entre os fundadores da fintech e estava grávida do seu primeiro filho. No dia seguinte ao nascimento do primeiro filho, a empresária voltou ao escritório. Nessa altura, tanto ela como os cofundadores David Vélez e Edward Wible estabeleceram como meta tornar a empresa inclusiva e introduzir polítcias que a ajudassem a destacar-se das restantes. empresas.

Os fundadores criarem uma empresa que melhorava a experiência bancária dos clientes, reduzindo a burocracia no acesso a serviços, as taxas elevadas, e que rompesse com um padrão no mercado brasileiro fortemente concentrado. A oferta inicial da empresa – um cartão de crédito gratuito – expandiu-se para uma gama de produtos financeiros e conta digital, dirigida a uma população de 45 milhões de brasileiros sem banco – um grupo de clientes que os operadores tradicionais do setor tinham negligenciado.

O cartão de crédito do Nubank foi o primeiro a permitir aos brasileiros solicitarem e verificarem o saldo através do telemóvel. A start-up tirou partido da rápida adoção de smartphones no país. O Brasil tem mais telefones do que os seus 209 milhões de habitantes, e 45 milhões de habitantes não t~em conta bancária, segundo a Fundação Getúlio Vargas. O Nubank está avaliada em mais de 10 mil milhões de dólares (8,9 mil milhões de euros).

Mas como é que a empresa se diferenciou? O Quartz apontou alguns aspectos, tais como as políticas de recursos humanos voltadas para os funcionários e a aposta na diversidade do talento, que permitiram à start-up ajudar o setor bancário a tornar-se mais inclusivo.

Políticas de recursos humanos voltadas para as funcionárias
Muitas das escolhas estruturais que a empresa tomou em termos de igualdade e inclusão de género refletem o facto de Cristina Junqueira estar empenhada desde o início nessa missão e de mostrar as dificuldades que sentia. A fundadora anteriormente ocupou diversos vários cargos seniores no setor bancário tradicional, uma indústria dominada por homens e pela cultura masculina nos países latino-americanos. Com base nessa experiência e na forma como sentia dificuldade em trabalhar nesses ambientes predominantemente masculinos, quando se deu a criação do Nubank, Junqueira estava determinada a criar um ambiente de trabalho sem estas barreiras.

A diversidade atrai o talento
As políticas de Nubank ligadas à igualdade de género incluem trazer mais mulheres para as suas equipas de tecnologia. Este ano, o banco, que depende fortemente de conhecimentos técnicos, criou o projeto “Yes, She Codes”, um processo de recrutamento especificamente voltado para programadoras de software, que atraiu mais de 2.800 candidatas de todo o Brasil.

Outra forma de empresa minimizar a discriminação na sua atividade é através de processos de recrutamento “cego” que minimizam o preconceito no processo de contratação. O Nubank tem um programa que permite que mulheres que tenham sido recentemente mães permaneçam ligadas ao seu objetivo profissional, enquanto tiram os seis meses de licença familiar (os pais têm direrito a 20 dias de licença).

Estas medidas traduzem-se numa cultura mais inclusiva. As mulheres representam 43% dos recursos humanos do banco digital,que integra mais de 2 mil pessoas, incluindo 30% das quais em funções de gestão. Uma percentagem muito significativa quando comparada com o setor bancário geral naquele país, em que as mulheres representam apenas 8% dos cargos superiores.

Nos últimos dois anos, a fintech foi a start-up mais desejada para trabalhar no Brasil. E este ano a Fast Company já nomeou o Nubank como o negócio mais inovador da América Latina.

Relevância global
O rápido crescimento do Nubank como negócio e a atratividade como local de trabalho estão a inspirar outras empresas brasileiras a implementar políticas semelhantes para recrutamento e retenção de trabalhadores. A indústria como um todo está a tornar-se cada vez mais consciente do papel da diversidade. Há empresas que estão a começar a perder talentos diretamente para a start-up.

A fundadora da fintech quer que o sucesso do Nubank seja um exemplo não só no Brasil como noutros países. Nos Estados Unidos, metade das start-ups não têm mulheres em cargos de liderança, de acordo com um relatório do Silicon Valley Bank.

Além de promover iniciativas especificamente destinadas a aumentar a diversidade da força de trabalho, a fintech também quer  transformar os locais de trabalho, ao incluir outros grupos sub-representados em cargos de liderança.

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