Opinião

As diferentes gerações a consumir desporto

Daniel Sá, especialista em marketing desportivo e diretor executivo do IPAM

A indústria mundial do desporto, tal como tantas outras, vive um enorme desafio quando procura satisfazer necessidades dos consumidores de diferentes gerações. Façamos uma reflexão aplicada ao universo do desporto.

A geração mais antiga, conhecida por Baby Boomers, junta pessoas que nasceram entre 1940 e 1960, e que estão agora na faixa etária dos 60 aos 80 anos. Esta geração foi aquela que surgiu devido à explosão demográfica causada pelo fim da segunda guerra mundial. É uma geração com um padrão de vida estável, com preferência por qualidade e não pela quantidade, tipicamente sabe bem o que quer, sendo dificilmente influenciada por terceiros. Foram a primeira geração a crescer com a televisão e por isso, este continua a ser o seu canal principal. No entanto, a maior parte desta geração habituou-se a utilizar o computador numa base diária, sendo as redes sociais e o e-mail as ferramentas mais procuradas.

A geração seguinte, denominada de geração X, engloba as pessoas que estão atualmente na faixa etária dos 40 aos 60 anos, tendo nascido entre 1960 e 1980. São os filhos da Geração Baby Boomer, sendo conhecidos por serem rebeldes para os padrões até então estabelecidos. A sua atuação resume-se a uma rutura com as regras e valores das gerações anteriores, à preferência por qualidade e não quantidade, à procura e lutas pelos seus direitos bem como pela procura de liberdade.

O modelo de negócios atual do desporto vive essencialmente do comportamento e consumo das gerações X e de baby boomers. São estas, as gerações mais endinheiradas, que têm a capacidade atual de comprar bilhetes, fazer assinaturas de canais televisivos e comprar camisolas oficiais de clubes.

Olhando, no entanto, para as três gerações mais recentes percebemos que tudo se vai alterar. A geração dos Millennials, nascida entre 1980 e 1995 é considerada como os pioneiros digitais que cresceram em tempos de mudanças muito rápidas na sociedade e tomaram contato com os cd´s, gameboys ou com o Microsoft Windows. A seguinte geração, conhecida por geração Z, agrega as pessoas nascidas entre 1996 e 2010 num mundo mais diverso e recheado de inovações tecnológicas contínuas onde imperavam soluções icónicas como o iPhone, PayPal ou Facebook. A geração mais recente, conhecida por Alpha junta as pessoas nascidas entre 2011 e 2025, em plena era digital, no mundo da blockchain, 5G, TikTok e Inteligência Artificial.

As gerações mais jovens vão relacionar-se com o desporto de forma bem diferente dos seus pais, levando as organizações desportivas a adaptarem-se e a oferecer novas ofertas diversificadas para satisfazer uma grande variedade de grupos demográficos. O desporto e as diferentes modalidades vão explorar novos formatos e ideias de conteúdos inovadores, ao mesmo tempo que vão procurar manter a sua base de adeptos tradicional.

A indústria do desporto está a lançar permanentemente novos formatos para atrair as Gerações Z e Alfa que preferem conteúdos mais curtos e dinâmicos. A inovação de formatos é muito evidente no ténis, golfe ou futebol onde podemos apontar o exemplo da King’s League, que tem menos jogadores, jogos mais curtos e regras mais emocionantes. As organizações desportivas estão a fazer novas parcerias com plataformas inovadoras para produzir conteúdos autênticos e exclusivos em todos os serviços para novos públicos como F1: Drive to Survive na Netflix ou All or Nothing da Amazon.

A popularidade dos novos desportos e novos formatos junto do público mais jovem será feito provavelmente às custas de alguns desportos tradicionais que não consigam inovar e tornar-se mais atrativos.

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