6 sinais que mostram que a sua start-up pode estar a falhar
A ideia por trás do negócio pode ser a mais genial e a intenção a melhor possível. Mas quando se trata de gerir uma start-up, alguns erros são mais comuns e fatais do que um empreendedor pode esperar. Conheça seis sinais que alertam para o perigo eminente de ter de mudar de direção.
As start-ups falham por vários motivos, como ter uma equipa de fundadores que não está comprometida com o projeto ou a pouca procura do mercado. Mas será que é capaz de reconhecer os sinais de que a sua start-up está a falhar antes que seja tarde demais?
Bernardo Arnaud, que presta consultoria e assessoria a empresas há 18 anos em áreas como fintech, comércio, gestão de ativos de telecomunicações, mensagens, mercado de trabalho, agronegócio, luxo, ecommerce e SaaS, e que criou algumas empresas ao longo de sua vida empresarial, avançou ao EU-Start-ups que a sua experiência como fundador e investidor levaram-no a perceber seis sinais de alerta típicos que são motivo de preocupação.
“Neste mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo), quanto mais clareza conseguir sobre qualquer assunto, maiores serão as suas probabilidades de sucesso. A maioria das empresas não falha repentinamente, mas sim como resultado de um problema que existe desde o início. Esses problemas geralmente não são detetáveis ou não são resolvidos até que seja tarde demais”, afirma.
Conheça os sinais que, segundo o empreendedor, ajudam a a reconhecer que a sua start-up está a falhar.
1. Clientes, representantes e o mercado-alvo não falam sobre si
Por que é que a maioria das start-ups se concentra na dimensão da sua base de clientes do que no que estão a dizer os seus clientes? O que os seus clientes atuais estão a dizer sobre a sua empresa? O que estão a dizer sobre o produto, ou serviço ou a equipa nas redes sociais e nas seções de classificação e avaliação de sites de comércio eletrónico e de reputação online?
Se tem representantes ou revendedores, o que é que eles dizem sobre os seus produtos e sobre a sua empresa? Eles envolvem-se com a sua presença nas redes sociais? Quanto mais pessoas falarem sobre a sua empresa, melhor – a começar pelos seus funcionários. “Se apenas algumas pessoas estiverem a falar ou a interagir online com a sua start-up, isso é um mau sinal, pois muitos dos seus leads no mundo digitalmente transformado de hoje virão dessas interações”, defende Bernardo Arnaud.
2. Não definir o que os clientes realmente desejam
Se a sua start-up não está a entrar na mente dos seus clientes e a aprender o que é mais valioso (e não valioso) para eles na sua oferta, então está no caminho da destruição. Os clientes são mais importantes do que os investidores, pois sem clientes o seu negócio não existe. Depois de criar uma persona (ou perfil) de quem é o seu cliente típico, pode dar destaque ao seu produto de forma mais impressionante. Muitas start-ups estão muito ocupadas a gerir fundos investidos ou a criar o próximo “superproduto que o mundo inteiro irá comprar de forma irresistível” e estão apenas desconectadas da realidade e dos seus clientes – atuais e potenciais.
3. Não ouvir a equipa ou os seus consultores
A sua análise de risco deve ser construída sobre diferentes pontos de vista, além do seu: dos seus cofundadores, consultores, clientes, do mercado como um todo. O preconceito que cada pessoa faz dos seus empregos, empresas e cultura anteriores não pode ser subestimado; por exemplo, as melhores práticas com as quais trabalhou na sua última empresa podem não funcionar no seu ambiente de start-up ou podem não fazer sentido. Portanto, é importante tentar filtrar o preconceito quando se trata de assuntos que são importantes para a vida da sua start-up. “Tente evitar essas armadilhas mentais tendenciosas, pois elas podem arrastá-lo para espirais das quais é muito difícil se livrar mais tarde”, aconselha Arnaud.
4. Não gerar receita
Este sinal pode parecer simples, mas no dia a dia das pequenas equipas é um dos desafios mais difíceis, principalmente no primeiro ano. Tem de continuar a gerar novas receitas ou o seu negócio ficará estagnado, tornar-se-á menos atraente para os investidores e, pior, ficará endividado muito em breve. A receita e a satisfação do cliente devem ser os seus dois objetivos principais. Se sua start-up não for capaz de gerar fontes de receita, irá fechar em breve ou aumentará o passivo, algo que ninguém quer.
5. Agir mais devagar do que os concorrentes
A execução é a capacidade mais negligenciada e subestimada em qualquer equipa de uma start-up, mais do que a gestão do fluxo de caixa. Se agir rápido, ultrapassará os seus concorrentes que operam a um ritmo mais lento. “Como no boxe, velocidade e resistência são mais importantes do que força ou capital. Quantas ideias e produtos fracassados nunca chegaram ao mercado? Eram conceitos simplesmente fracos ou mal executados? Seja cuidadoso com este tema e tenha uma tabela de desempenho para medir a execução. O método OKR [Objectives and Key Results] é muito útil para isso”, sugere Arnaud.
6. Não ter em consideração as forças do mercado
“O mercado tem formas especiais e muitas vezes difíceis de ensinar a si e à sua equipa sobre muitas regras, como preços, marketing, vendas, concorrência, gestão e por adiante. Mesmo quando tem uma `estratégia do oceano azul´ e tem águas serenas para navegar, tente antecipar-se ao mercado e faça exercícios periódicos em cenários que podem evoluir num trimestre, num semestre, num ano, em dois e três anos”, frisa o empreendedor.
A sua sobrevivência está em jogo e obter informações diretas e indiretas deve ser um exercício constante para a melhoria do seu desempenho no presente e no futuro.