UpM debate igualdade de género e capacitação das mulheres em Lisboa

A UpM-União para o Mediterrâneo reuniu em Lisboa ontem e hoje, na Fundação Champalimaud, centenas de altas individualidades internacionais e nacionais para a sua 4.ª conferência. O empoderamento das mulheres foi o ponto de partida.

“Women building inclusive societies in the Mediterranean”. Este foi o ponto de partida para a 4.ª Conferência da União para o Mediterrâneo (UpM), evento internacional que contou com o apoio do Governo português e que trouxe para a ordem do dia o empoderamento das mulheres, a igualdade de género e a sua capacitação nos países do Mediterrâneo.

O painel de oradores foi de excelência e reuniu dezenas de representantes de áreas comprometidas com a promoção da igualdade de género e do empoderamento das mulheres na região euro-mediterrânica. Marcaram presença representantes de vários países, desde ministras, a autoridades e instituições internacionais, representantes da sociedade civil e personalidades envolvidas na promoção da igualdade de género.

Hala Lattouf, ministra do desenvolvimento social da Jordânia, Neziha Labidi, ministra das  Mulheres, Família e Crianças da Túnisia, Maya Morsy, presidente do Conselho Nacional de Mulheres do Egipto, Helga Schimd, secretária-geral Europeia dos Serviços de Ação Externa, ou Marie-Louise Coleiro Preca, presidente de Malta, foram algumas da muitas altas individualidades internacionais que presentes e que deram o seu contributo para discutir o papel da mulher na região.

A estas juntaram-se ainda nomes de figuras internacionais proeminentes envolvidas no empoderamento das mulheres, como Maria Teresa Fernández de la Vega, presidente da Fundação Mulheres para África; Katja Iversen, presidente da Women Deliver; Sarah Poole, diretora do PNUD;  Lina Khalifeh, fundadora do SheFigther (primeiro estúdio de autodefesa para mulheres no Oriente Médio), entre muitas outras oradores que partilharam o seu testemunho e análise do papel das mulheres. Maria M. Leitão Marques, ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, ou Leonor Beleza, Presidente da Fundação Champalimaud (e anfitriã do evento) foram algumas das individualidades nacionais presentes.

O tema “Mulheres mediterrânicas liderando a mudança” deu o mote ao início da sessão de trabalhos e explorou a contribuição positiva das mulheres para criar mudanças e construir sociedades inclusivas na região do Mediterrâneo, através da liderança e de iniciativas inovadoras nos setores público e privado e na sociedade civil.  Nos dois painéis discussão –  Mulheres líderes em negócios e mudanças sociais; e Impulsionar a participação das mulheres na vida pública e na tomada de decisões -, foram abordados os principais desafios, oportunidades, estratégias e conquistas para liderar mudanças positivas por parte das mulheres.

Maria Leitão Marques,  ministra da Modernização Administrativa, participou na sessão de abertura, durante a qual evidenciou o trabalho desenvolvido pelo nosso país no domínio da igualdade de género, e defendeu que é preciso que as mulheres queiram ocupar os lugares definidos pelas quotas e que as novas tecnologias podem ser usadas na conciliação entre a vida profissional e pessoal. Frisou que as políticas de equilíbrio contribuem para criar uma sociedade mais justa e igual e que permita escolhas mais livres nas diferentes áreas da vida.

A presidente da República de Malta, Marie-Louise Coleiro Preca, foi outra das individualidades presentes que lembrou a importância debater estas temáticas, encontrar soluções e criar um mundo de equidade e igualdade.  Lembrou exemplos históricos de mulheres com papéis determinantes na história, entre as quais Madame Curie, e frisou que “há evidência claras” de que as mulheres têm o poder de criar a paz, de construir uma paz positiva. “Acredito que a nossa diversidade é a nossa força. É um processo contínuo para conseguimos o empoderamento, igualdade. É uma necessidade urgente que as mulheres estejam mais representadas”, referiu. “Não devemos ter medo de quebrar tabus, de elevar a voz. “Não devemos deixar que as mulheres na região mediterrânica se sintam sozinhas”, frisou.

Laurence Païs, vice-secretária-geral da União para o Mediterrâneo, desatacou que a igualdade de género deve ser uma das chaves para criar estabilidade, desenvolvimento e integração,  lembrando que é essencial  para o desenvolvimento económico ter mulheres e as jovens no centro da agenda. Por isso salientou perante o auditório a necessidade de promover junto dos países a criação de ais igualdade entre homens e mulheres como uma forma de contribuir para o desenvolvimento social e económico e, assim, conseguir mais estabilidade na região mediterrânica.  Para a vice-secretária-geral da União para o Mediterrâneo, é preciso haver mais mulheres empoderadas, para cumprirem em pleno o seu papel em todas as áreas da sociedade, desde as áreas da política, à economia, social e cultural, um trabalho que passa não só pela aquisição de ferramentas, mas também pela igualdade de oportunidades.

O programa da conferência de hoje, segundo e último dia, vai ser dedicado aos criadores de mudanças do amanhã – “Jovens para o empoderamento das mulheres”. Na sessão de trabalho estarão presentes jovens líderes comprometidos com a promoção da igualdade de género e o empoderamento das mulheres na região euromediterrânica e que destacarão seus projetos e iniciativas.

Serão também apresentados resultados do Fórum da Juventude, realizado no dia nove de outubro, e em que representantes de organizações jovens discutiram e desenvolverem soluções e recomendações para o empoderamento das mulheres inovadoras.

Refira-se que a conferência foi ainda acompanhada pela realização de vários workshops paralelos que abordaram temas como capacitar as mulheres em áreas rurais e agrícolas; mulheres na ciência (STEM) e inovação; e investir em saúde sexual e reprodutiva.

A conferência da União para o Mediterrâneo foi também palco para o balanço dos 10 anos de atividade desta organização que tem como missão primordial promover a cooperação regional na zona euro-mediterrânica, bem como a maior inclusão social para grupos de risco, concretamente mulheres e jovens, de modo a promover quer a segurança quer o desenvolvimento da região.

A União para o Mediterrâneo concretizou a adoção pelos 43 países da UPM (Europa, Norte de África e Médio Oriente, Palestina incluída) de uma ambiciosa e inovadora Declaração para a aplicação de medidas e criação de  políticas para promover a igualdade entre mulheres e homens em todas as esferas da sociedade.Também por isso, a conferência foi uma oportunidade para fazer um balanço dos progressos alcançados um ano após a reunião ministerial que deu origem à referida Declaração, partilhar experiências e boas práticas, bem como promover a participação das mulheres na sociedade.

Comentários

Artigos Relacionados