Station F, o paraíso do empreendedor no coração de Paris

A Station F, situada na capital francesa, é um dos maiores campus de start-ups do mundo, com espaço preparado para albergar mais de 3 mil empreendedores.

Inaugurada há dois anos, a Station F conta com 3 mil espaços de trabalho e com várias áreas de diversão e lazer. Tem capacidade para alojar um milhar de empresas emergentes que podem estar até dois anos neste local. A incubadora de Paris que nasceu numa antiga estação de comboios com 34 mil metros quadrados (e que até 2006 foi usada pela  SNCF como armazém de mercadorias, altura em que foi abandonada, começando a degradar-se sendo inclusivamente equacionada a sua demolição), acolhe agora projetos emergentes, a par de nomes como a Amazon, a Google e o Facebook que já instalaram equipas residentes neste espaço.

O empreendedor Philippe Breuils que ali tem a sua start-up, a Wilov (que desenvolve um seguro automóvel permanente que cobra ao utilizador de acordo com o tempo que este conduz),  explicou ao El País como é trabalhar neste espaço onde o tempo de trabalho se consegue conjugar com espaços de lazer e de restauração como o La Felicità, o complexo de restaurantes do centro com capacidade de servir mais de mil pessoas.

“O que torna a Station F especial é o facto de as pessoas com capacidade para tomar decisões importantes visitarem o centro com muita frequência”, afirmou Breuils. Na verdade, o presidente francês, o embaixador dos EUA em Paris e muitos ministros já ali estiveram para reuniões com empreendedores”, explicou à publicação espanhola.

A ideia de construir este Silicon Valley francês, partiu de Xavier Niel, um dos homens mais ricos de França. É o fundador e o maior acionista da Iliad, fornecedora de serviços de telecomunicações com sede na capital francesa. O magnata adquiriu o espaço em 2012 e investiu 65 milhões de euros para desenvolver o projeto. O gabinete de arquitetura Wilmotte & Associés encarregou-se da requalificação do espaço, que permanece aberto 24 horas e que atraiu marcas como Facebook, HEC Paris, Vente-Privee, TechnoShop, Kima Ventures, Daphni, VenTech, Amazon e Google. O centro de inovação conta ainda com um espaço de fitness, um laboratório de produção, um auditório, uma estação de correios, uma sala de videojogos, áreas de descanso e zonas verdes.

Uma das principais vantagens do local é o valor cobrado pelo aluguer de um espaço para trabalhar, poupando às pequenas empresas grandes encargos fixos. Os empreendedores pagam cerca de 195 euros por escritório, uma tarifa que, segundo Roxanne Varza, diretora do centro, corresponde a aproximadamente “metade do valor cobrado por outros espaços em Paris”.

Quais os seus principais objetivos da Station F? “Estamos a construir, a partir da sua essência, uma universidade para start-ups”, explicou Roxanne Varza ao El País e relembrou que a missão do projeto é criar empresas líderes e com valor.

“O nosso objetivo é também fazer com que o complexo seja mais acessível, criando programas para empreendedores desfavorecidos e lançando outras iniciativas que fomentem a diversidade”, acrescentou. Um dos seus mais recentes projetos é um espaço de residência que pode alojar até 600 empreendedores, permitindo a que os internacionais se possam instalar rapidamente assim que chegam a Paris.

As inevitáveis comparações com Silicon Valley, nos Estados Unidos, são algo que a diretora do centro recusa.   “Não estou certa se nos devemos comparar com os EUA, muito menos que esse seja o modelo que devemos seguir. Possuímos talento e projetos excelentes na Europa. Contamos com todos os recursos necessários para construir start-ups aqui. Na verdade, é provável que até seja mais fácil e mais barato que em Silicon Valley”, frisou.

A responsável pela Station F revelou  também que os países de onde chegam mais solicitações são os EUA, Reino Unido, China e Índia. “Silicon Valley tornou-se um local muito complicado para as novas empresas e o governo francês facilitou o processo de vistos para empresários e colaboradores”, refere Roxanne Varza.

Apesar da já vasta diversidade de projetos que ocupam a incubadora parisiense, a sua diretora gostaria de ver no espaço mais negócios motivados para o valor social. “Muita gente pensa que o impacto social significa criar uma ONG. Queremos ver empresas maiores e com mais ambição nesta área”, afirmou.

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