Start-ups europeias procuram solução para o problema dos microplásticos
O problema da poluição provocada pelos plásticos põe em risco a vida dos oceanos e pode trazer problemas não só à vida animal como aos próprios seres humanos. Mas as start-ups e os governos europeus estão a começar a abordar o problema.
Os microplásticos estão cada vez mais presentes nos oceanos, no ar e até mesmo na alimentação, uma situação que está a alarmar os cientistas e as autoridades europeias. No passado mês de abril, o Grupo Científico de Conselheiros da Comissão Europeia divulgou um parecer científico pedindo uma resposta política mais ampla e baseada em evidências para prevenir os riscos crescentes da poluição por microplásticos. O documento advertiu a Comissão Europeia no sentido desta reforçar a política existente para prevenir e reduzir a poluição por microplásticos e também para aumentar a cooperação internacional na investigação, monitorização e avaliação de risco.
Start-ups enfrentam o problema
Com toneladas de plásticos atirados para os oceanos todos os anos, a reciclagem e o reaproveitamento é uma forma de combater o problema. E algumas das tecnologias mais inovadoras, como identificou recentemente o Entrepreneur, vêm de start-ups que trabalham na área da reciclagem ou, simplesmente, na reutilização do lixo plástico.
A Leitner Technologies, sediada em Bratislava, é um desses casos. Esta start-up usa um processo de despolimerização térmica para reciclar resíduos de plástico em “Plastoil”, óleo de baixo teor de enxofre que pode ser usado como combustível ou para aquecimento. O calor e a pressão utilizados para moldar plásticos durante o processo de reciclagem sobrecarregam a sua estrutura molecular, limitando a capacidade de criar um produto reciclado com a mesma qualidade do original, que foi feito com resina original.
Por sua vez, a APK, de Merseburg, na Alemanha, construiu uma fábrica de reciclagem que aproveita a tecnologia para a reciclagem de resíduos plásticos produzindo plásticos com mais qualidade e proporcionando uma vida útil mais longa aos plásticos reciclados.
A start-up holandesa Ioniqa, que participou no Plastic Free Ocean Accelerator, também está a investigar no mesmo sentido. A sua tecnologia de despolimerização remove as impurezas, retira os corantes e recicla o plástico PET (uma resina comum de polímero termoplástico) nas matérias-primas originais, tornando-o mais atraente para a reutilização.
Outra forma de garantir que as futuras gerações podem mais peixes no mar do que plástico é reduzindo o uso de plásticos globalmente. Mas a start-up holandesa Straw by Straw quer diminuir as 36,4 mil milhões de palhinhas de plástico que, segundo eles, são usadas anualmente na Europa, usando os canudos ocos provenientes das colheitas de cereais.
Com esta mudança nos hábitos de consumo estima-se que poderiam ser evitadas 15 mil toneladas de lixo plástico. De acordo com um estudo publicado na revista Science, entre cinco a 14 milhões toneladas de plásticos flutuam todos os anos nos nossos oceanos e os cientistas identificaram 144 espécies aquáticas que ingeriram microplásticos.
Há pouco mais de um ano, a UE limitou a utilização de plásticos de uso único, como as palhinhas, e a perspectiva mais recente da Comissão Europeia servirá para continuar o debate e a inovação à volta da redução e erradicação de microplásticos do meio ambiente. Embora o problema dos microplásticos esteja a ser endereçado pelos governos mundiais, como evidenciado pela participação de 57 governos no compromisso Clean Seas, o problema provavelmente não será resolvido totalmente apenas pelas medidas do sector público. Os cidadãos e as empresas também precisam reduzir o uso e reciclar melhor os plásticos para garantir que nossos oceanos permaneçam limpos para a próxima geração.