Start-ups europeias exigem mais dos meios políticos

O grupo internacional Not Optional assinou uma carta aberta a pedir alterações urgentes às regras que regulam o mercado de trabalho e o ambiente empresarial das start-ups na Europa.

Perante o potencial empreendedor do território europeu e o rápido crescimento de novas start-ups, o grupo Not Optional, que reúne fundadores de start-ups, investidores e colaboradores de tecnológicas europeias, escreveu uma carta aberta a figuras políticas internacionais a exigir a mudança urgente das regras que regulam o mercado.

Com esta iniciativa, o grupo pretende um enquadramento mais favorável a novas estratégias de atração de talento, desde a distribuição de capital social entre colaboradores, a práticas coletivas e não-exclusivas, aplicáveis a nível global.

Com mais de 700 assinaturas, entre os quais se encontram os nomes de alguns portugueses, como José Neves, CEO e fundador da Farfetch, Jorge Pacheco, CEO da STATE, ou Augusto Santos, da Portugal Fintech, a carta destaca o facto de nos últimos anos anos a Europa ter sido palco da criação de muitas start-ups, unicórnios inclusive, com destaque para cidades como Londres, Paris, Lisboa ou Praga, mas alerta para a existência de lacunas ao nível de medidas políticas que garantam a continuidade deste potencial de criação de valor.

A missiva do Not Optional frisa também que os dias em que a Europa vivia na  “sombra” de Sillicon Valley terminaram porque, atualmente, o setor tecnológico europeu tem ambição e capital para criar novos modelos de negócio que exponenciam o crescimento económico e o emprego e garantam melhoria na qualidade vida. No entanto, chama a atenção para a existência de problemas que podem pôr em causa o potencial do continente europeu e atrasar a sua conversão para “continente mais empreendedor”.

A carta aberta da Not Optional destaca as “limitações ao nível da disponibilidade de talento”, que se traduzem num “sério entrave ao crescimento”, e, por, isso apela a que o tema do talento seja colocado no topo da agenda dos políticos europeus. Defende que, para que seja possível responder à necessidade de contratação de mais colaboradores – prevê-se a contratação de mais 100 mil nos próximos 12 meses -, é necessária uma revisão da legislação tornando-a mais favorável à possibilidade dos trabalhadores participarem no capital social das start-ups. Além disso, querem também que a revisão legislativa ponha fim a incoerências e limitações que penalizam a competitividade das start-ups europeias na captação de talento, face a outras regiões mundiais.

Em suma, os signatários da carta aberta da Not Optional defendem uma política de acesso dos colaboradores ao capital social menos complexa e penalizadora. Pretendem com esta reivindicação permitir que as start-ups recorram a este mecanismo para compensar a falta de capacidade financeira competitiva das empresas mais jovens face à remuneração oferecida pelas gigantes. Por outro lado, acaba por ser uma forma de compensar risco que o colaborador corre ao integrar o um novo projeto.

Caso a Europa não consiga criar condições para ter empresas mais competitivas na batalha global pelo talento, então correrá o risco da “fuga de cérebros”, o que poderá culminar numa menor capacidade de gerar emprego e crescimento económico, alerta a carta.

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