Opinião
Orientação a resultados

Obviamente que este tema não se aplica a todos os profissionais nem a todas as profissões e organizações, no entanto, temos assistido a uma institucionalização do presentismo nas empresas portuguesas desde o século passado, que parece ter vindo a aligeirar, facilitando o nosso estilo de vida e equilíbrio entre vida profissional e familiar.
Parece-me que é algo inevitavelmente cultural, mas com a globalização do mercado de trabalho, a possibilidade de trabalhar remotamente ou com horários feitos à medida tem sido cada vez maior, tendo as empresas admitindo em alguns casos que é irrelevante o local e horário de trabalho dos profissionais que contrata.
Creio que o foco deve ser orientado a resultados, bem como os profissionais terem todas as condições para executar o seu trabalho, seja no escritório ou em qualquer parte remota, desde que alcancem ou superem o resultado pretendido.
Quero com isto dizer que os profissionais devem trabalhar nem mais nem menos que as oito horas que o mercado laboral português exige, mas sim deve ser feito o que for necessário para que o resultado do nosso trabalho seja alcançado. Basicamente refiro-me a cumprir objetivos. Aliás, existem empresas a operar em Portugal que exigem uma carga laboral inferior às 40 horas semanais, revelando-se ser suficiente para que os objetivos e o trabalho sejam realizados.
Não estou a defender a criação de objetivos inalcançáveis ou irrealistas, tornando as pessoas demasiado focadas em cumprir metas difíceis, mas sim dar liberdade para que a criatividade juntamente com a qualidade de vida resulte em entregas de excelência. As empresas nunca devem esquecer que a estabilidade familiar é a chave para a maioria dos bons profissionais, resultando no tão falado work-life balance (aliás, mencionado no meu artigo anterior).
Se podemos trabalhar no jardim ou na praia, por que razão nos devemos apresentar num escritório, diariamente, só para “picar o ponto”? Se trabalhamos numa multinacional, e o nosso trabalho passa por chamadas por videoconferência, troca de e-mails e trabalho em ferramentas colaborativas, por que razão devemos perder horas por dia em deslocações para o escritório? Claro que deve haver um meio-termo e por vezes temos de nos reunir presencialmente, e o contacto pessoal com os colegas faz a diferença, e é para isso que deve ser o escritório. Aliás, existem temas, tarefas, atividades e projetos que devem ser realizados presencialmente e não podem ser tratados remotamente. Também tenho consciência que existem áreas de negócio e determinados organismos que funcionam como “ambientes fechados”, e é claro que não me estou a referir a essas situações em concreto. De qualquer forma, a orientação a resultados pode e deve ser aplicada da mesma forma, possibilitando, pelo menos, a flexibilização de horários.
A minha experiência e o meu conselho é que procurem a melhor solução de acordo com os vossos objetivos, tendo em conta a vossa vida pessoal ou familiar. Dessa forma irão alcançar um excelente equilíbrio, pois só assim conseguem ser melhores profissionais, ganhando as empresas que vos contratam.