O que preocupa os investidores? O relatório da LLYC dá pistas.

O impacto do aumento da inflação e das taxas de juro estão a preocupar os CFO e os responsáveis pelas relações com investidores. A constatação está em destaque no mais recente relatório da LLYC.

O aumento do custo de vida devido à inflação (36%), o impacto no endividamento provocado pela subida das taxas de juro (22%), as preocupações com o setor (21%) e a viabilidade do negócio (13%) estão entre as principais preocupações que os investidores partilham com os CFO e os departamentos de relações com investidores das empresas.

Realizado junto de mais de 50 quadros superiores (entre CTO e responsáveis de relações com investidores) de empresas cotadas em Espanha, Portugal e América Latina, o relatório “À procura do interesse dos investidores: chaves para tempos de incerteza”, elaborado pela LLYC, em parceria com  o Círculo CFO (fundado em Espanha pela DCH-Organização Internacional de Gestores de Capital Humano), constata que os investidores se tornaram mais conservadores, como se os padrões de comportamento de mais fundos institucionais e grandes seguradoras prevalecessem agora. A este respeito, a força e a recorrência dos rendimentos e a qualidade da classificação passaram a ser vistos como argumentos decisivos para atrair investidores.

O relatório foca ainda o facto de, hoje em dia, a liquidez não ser um problema apenas para as empresas mais pequenas, mas também para as cotadas em bolsa. Para mitigar esta situação, grande parte dos inquiridos revelou optar por contratos de liquidez, com alguns a optarem por programas de recompra. Além disso, cada vez mais empresas estão a concentrar os seus esforços em chegar aos investidores de retalho.

Relativamente a questões ESG, o relatório da LLYC confirma que estas estão cada vez mais no topo da agenda dos investidores. 81% dos executivos afirmam ter recebido mais perguntas dos investidores sobre o desempenho dos ESG da empresa em 2022. Por outro lado, mais de 44% das empresas intensificaram a sua atividade de relações com investidores. E exatamente para atrair a atenção dos investidores, cada vez mais empresas procuram soluções tecnológicas para encontrar formatos e abordagens eficazes para atrair investidores. Cerca de 40% revelaram que, em dado momento, já utilizaram plataformas pra identificar e envolver novos investidores.

Apesar disso, os road shows continuam usados entre os setores clássicos, com 85% dos inquiridos a afirmarem que os organizam como habitualmente. No passado, sete em cada dez inquiridos afirmaram ter organizado um road show, e 31% deles organizaram cinco ou mais eventos sucessivos ao longo de 2022.

Luis Guerricagoitia, diretor sénior de comunicação financeira da LLYC, refere que “as empresas cotadas na Ibéria e na América Latina partem do princípio de que um novo ano de incerteza as espera em 2023. (…)  Vivem num cenário contra-estabilizado em que a manutenção da atenção dos investidores se tornou um desafio”. Por isso, salienta, “para muitos CFOs e gestores de Relações com Investidores, definir muito bem e atualizar quase em tempo real a história corporativa da empresa tornar-se-á, ao longo deste ano, a fórmula principal para despertar o interesse dos investidores”.

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