Opinião
It’s not the strongest nor the most intelligent…
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O ser humano vive com a cabeça nas nuvens e com os olhos no céu. Por distração ou curiosidade, assim tem sido a história da Humanidade. Contudo, desde que os irmãos Wright fizeram o primeiro voo em 17 de dezembro de 1903, a Humanidade continuou a olhar para o céu, mas agora com particular justificação! Aquela máquina tão fascinante… o avião!!
Em constante evolução, o avião tornou-se indispensável no mundo moderno. Quer para transporte de pessoas ou mercadorias, centenas de milhar de voos ocorrem todos os dias!
Saiba o leitor que, em aviação, é fundamental – obrigatório – que, antes de cada voo, o piloto se ocupe com um cem número de afazeres. Destes, fazem parte: o cumprimento de check-lists, inspeções a várias partes do avião, análise das condições meteorológicas, percurso (a rota), altitude, pontos de referência e, especialmente, um plano de contingência, etc.!
Tudo o que se seguirá depois de descolar estará, em princípio, programado: altitude, velocidade, direção, frequências de comunicação a utilizar e outras coisas mais… Na impossibilidade de aterrar no aeródromo previsto, o piloto tem, de antemão, uma solução preparada no seu plano de voo – o aeródromo alternante. Ou seja, antes de descolar, o piloto preparou, com minúcia, um plano para a sua viagem, tendo em consideração o que pode e o que não pode controlar!
Mesmo em situações de emergência, o famoso Mayday Mayday Mayday (tem de ser dito três vezes), os fabricantes das aeronaves e/ou as leis de cada Estado ou entidades regulatórias (como a ICAO ou ANAC), definem os procedimentos a serem adotados. No fundo, evita-se o recurso ao improviso e à criatividade do piloto – como disse o profeta Jeremias, “Maldito o Homem que confia no Homem!” -, alicerçando a prática aeronáutica em procedimentos claros e bem definidos! É esta sistematização de processos que contribui, decisivamente, para os elevados índices de segurança aeronáutica que todos podemos observar no nosso dia a dia. Acredite, viajar de avião é seguríssimo! Não há que ter medo!
A aeronáutica é um excelente exemplo de como a estratégia, preparação, implementação de processos e treino, quando conjugados, permitem obter resultados de excelência. Falta um aspeto que, pese embora possa parecer insignificante, é decisivo. A paixão! A paixão que os intervenientes do setor aeronáutico nutrem para com este!
A excelência de resultados sobressairá em qualquer setor onde sejam aplicados estes princípios, sempre e quando forem alicerçados numa forte cultura organizacional. Onde os intervenientes colaborem para um objetivo comum com paixão (o vestir a camisola, utilizado comummente)!
Um bom exemplo são as empresas! São elas o grande criador de valor e motor da economia! A ausência de um plano estratégico (plano de voo) levará a um “voo à deriva”. Ter um plano bem definido diferencia as empresas que, sustentadamente, continuam a crescer, daquelas que se perdem nas tempestades económicas.
O piloto que elaborou o seu plano de voo está preparado para enfrentar adversidades, e uma empresa com uma visão estratégica sólida estará mais bem preparada para navegar em tempos de crise. “Se um homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável” – Séneca.
Apesar de toda a preparação e procedimentos, o mundo é fascinante e tem sempre uma infinitude de acontecimentos imprevisíveis! Haverá sempre uma primeira vez para tudo. Aí entrará a experiência do piloto (e do gestor) para que, em cada momento, recorrendo-se dos meios disponíveis, possa adaptar a velocidade e definir um novo rumo!
Por mais difíceis que sejam as condições de voo ou condições de mercado, por mais longas e intensas que sejam as rajadas de vento ou crises económicas, o piloto terá sempre de se adaptar e encontrar um novo rumo. Tal como uma empresa deverá ser capaz de se adaptar, criar novas linhas de negócio, novos produtos e mercados.
Charles Darwin tinha toda a razão quando desenvolveu a Teoria da Evolução: “It’s not the strongest of the species that survives, nor the most intelligent that survives. It’s the one that is the most adaptable to change, not the strongest nor the fastest but the one who can adapt!” – in ‘A Origem das Espécies’. Chapeau, Charles!
Bruno Silvestre é o fundador e o searcher de serviço da SLY Capital. Nascido e criado em Coimbra, é engenheiro mecânico e engenheiro europeu e internacional de Soldadura, tendo, mais tarde, concluído o seu MBA Executivo na Faculdade de Economia de Coimbra, antes de se lançar no empreendedorismo por aquisição.
Com 15 anos de experiência profissional em indústrias de referência como a aeronáutica militar e civil, indústria petrolífera e indústria extrativa, participou em projetos com elevado impacto nacional e internacional, como a implementação da filosofia de gestão LEAN na Manutenção da Esquadra101 da Força Aérea Portuguesa, no projeto KAOMBO da petrolífera francesa TOTAL e, recentemente, no Projeto de Expansão de Zinco da Sociedade Mineira de Neves Corvo, sempre em contextos multidisciplinares e multiculturais.