Opinião

Top 5 dos preconceitos relevantes para start-ups

Ana Barjasic, CEO da Connectology*

O empreendedorismo vem com um conjunto de desafios e atitudes, muitos dos quais têm origem em processos mentais inconscientes e, consequentemente, moldam a nossa tomada de decisão e comportamento.

Para tomar melhores decisões empresariais é importante ser capaz de reconhecer preconceitos, ou erros cognitivos, que possam potencialmente dificultar os projetos empresariais. Todos os empreendedores podem distrair-se de vez em quando por uma falsa crença sobre si mesmos, as suas capacidades ou os seus negócios, e, por isso, é útil desafiarem-se com uma mini lista de preconceitos habituais entre empreendedores.

  1. Preconceito de excesso de confiança. Provavelmente um dos preconceitos mais relevantes relacionados com os empreendedores é o excesso de confiança, o que pode ser um problema se o empreendedor estiver demasiado apaixonado pelo seu negócio para não ver claramente o quadro completo e os potenciais erros. Por outro lado, os empreendedores sem confiança podem nunca começar uma empresa. No que diz respeito à confiança empreendedora, o equilíbrio é a chave.
  1. Preconceito de confirmação. Se estiver continuamente à procura de confirmação das suas opiniões e entrar em contacto apenas com pessoas que ecoam as suas crenças sobre, por exemplo, tendências de mercado, estratégia de comercialização, qualidade do seu produto/serviço, poderá ser apanhado no ciclo de enviesamento de confirmação. O remédio é fácil: pare de ignorar as opiniões opostas, tente compreender e aprender com elas.
  1. Falácia de custo afundado. Outro enviesamento comum, especialmente para os projetos em fase inicial, está relacionado com o custo afundado. Este fenómeno é semelhante a jogar num casino – recuperar a quantidade perdida raramente acontece desperdiçando ainda mais dinheiro no jogo. Só porque gastou muito dinheiro (e tempo!) num projeto que ainda não está a funcionar, essa não pode ser a única razão para continuar. Reconsidere cuidadosamente se o projeto vale o investimento adicional ou se é melhor pará-lo.
  1. Efeito de dote. Quando as pessoas têm algo, têm a tendência de pensar que o item vale mais só porque é deles. Isto é particularmente importante no contexto das avaliações de start-ups, que muitas vezes são incrivelmente irrazoáveis, apenas devido ao efeito de doação. Da próxima vez que exigir algo dos seus potenciais clientes ou investidores, pergunte a si mesmo se a sua performance objetivamente justifica o pedido.
  1. Preconceito da disponibilidade. Só porque os meios de comunicação social relatam frequentemente unicórnios, não significa que as empresas de mil milhões de euros sejam uma coisa frequente. Na verdade, há apenas cerca de 500 unicórnios no mercado global. Este é um exemplo de preconceito de disponibilidade, que adultera a nossa interpretação da probabilidade de resultados baseados no que nos podemos lembrar facilmente. Para evitar este erro cognitivo, várias perspetivas precisam de ser consultadas antes de tomar uma decisão.

É importante lembrar que os preconceitos são inconscientemente desencadeados, e é por isso que é mais difícil localizá-los e reconhecer a sua influência na nossa tomada de decisão. Ironicamente, é mais fácil identificar preconceitos noutras pessoas do que em nós mesmos. No entanto, o primeiro passo para reduzir o seu impacto é reconhecê-los.

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Ana Barjasic

Ana Barjasic

Ana Barjasic trabalha com uma série de entidades dentro do sistema internacional de start-ups e investidores, como a Comissão Europeia e a Global Entrepreneurship Network (como membro da direcção em Portugal). Ana Foi coordenadora da Business Angel Week desde 2013, uma iniciativa criada pela European Business Angel Network. Nas suas cinco edições, e sob sua supervisão, a BAW tornou-se a maior iniciativa do mundo na promoção do investimento anjo e em early stage, com mais de 1200 eventos em 60... Ler Mais..

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