Investidores estão focados nos ativos privados e na sustentabilidade

Apesar de estarem preocupados com a inflação, os investidores estão a concentrar-se na sustentabilidade e nos ativos privados, tendo em conta as oportunidades de transição energética, diz estudo da Schroders.
Os investidores, a nível global, pretendem aproveitar as oportunidades de investimento proporcionadas pela transição energética, à medida que demonstram apetência crescente pelos ativos privados, revela o Schroders Institutional Investor Study 2023, um estudo que abrangeu 770 investidores em 36 territórios, incluindo Portugal, com ativos que ascendem a 34,7 mil milhões de dólares (33 mil milhões de euros)
O estudo identificou que a inflação e a incerteza geopolítica continuam a preocupar os investidores, isto apesar das expectativas que tinham há um ano, de que ambas as pressões se reduzissem. Os resultados deste estudo mostram que mais de metade antecipa para os próximos 12 meses um maior impacto destes dois fatores no desempenho das suas carteiras, levando-os a alterar as alocações dos seus portefólios.
Por exemplo, em resposta à crescente tendência de “desglobalização”, mais de metade procurará investir em empresas com cadeias de abastecimento mais localizadas, sendo as ações de mercados desenvolvidos (32%) e o capital privado (23%) consideradas as melhores oportunidades nos próximos anos.

Fonte: Schroders Institutional Investor Study
Para além disso, a maioria dos inquiridos (65%) acredita que um dos principais benefícios de investir em ativos privados é obter uma fonte de diversificação mais profunda nos próximos dois anos. Esta é uma das razões que leva um terço dos inquiridos a considerar um aumento das suas alocações nesta classe de ativos.
Os investidores acreditam que a transição para a neutralidade carbónica lhes traz oportunidades significativas. Mais de dois terços (67%) dos inquiridos a nível global consideram provável ou altamente provável que a transição energética estimule o investimento em inovação, criando importantes oportunidades de investimento.
Cerca de metade acredita que as infraestruturas / energias renováveis estão mais bem posicionadas para capturar as oportunidades de investimento apresentadas pelas tendências de descarbonização a médio prazo. Com esta classe de ativos preparada para beneficiar da revolução das tecnologias verdes, 41% afirmar que prevê aumentar as alocações em infraestrutura nos próximos 12 meses.
Maior é ainda a percentagem (mais de metade) dos que estão proativamente à procura de oportunidades de investimento trazidas pela transição energética e pela revolução tecnológica com ela relacionada, através de uma maior exposição em ativos privados. Da mesma forma, quando questionados sobre as razões pelas quais considerariam investir em estratégias de sustentabilidade e impacto, dois terços estão interessados em investir em novos setores, como as soluções baseadas na natureza e o hidrogénio verde, para obterem maior diversificação das carteiras e expandirem a sua exposição a novos temas e classes de ativos.
A maioria dos investidores acredita que as estratégias de sustentabilidade e impacto apoiarão o seu objetivo de obter retornos financeiros a longo prazo e 43% destacam que ter um impacto positivo nas pessoas e no planeta é um dos principais catalisadores para o investimento sustentável.
Os investidores identificaram que as infraestruturas (44%) e o capital natural & biodiversidade (41%) são as classes de ativos mais adequadas, dentro dos ativos privados, para alcançarem os seus objetivos de sustentabilidade e impacto.
Embora metade dos inquiridos globais já tenha integrado nas suas carteiras compromissos direcionados para alcançar a neutralidade carbónica, 21% afirmou não ter intenção de o fazer.
De facto, os investidores da região EMEA – Europa, Médio Oriente e África – são os que se mostram mais empenhados em alcançar a neutralidade carbónica até (ou antes de) 2050 e os que estão a prosseguir com estratégias dirigidas a metas intermédias (39%). Já a maioria dos inquiridos sem este tipo de compromissos estava nos EUA (44%).
Transversalmente em todos os mercados, é sentida a necessidade de ter mais apoio para conseguir mensurar e monitorizar os roteiros para a neutralidade carbónica. Cerca de metade dos inquiridos acredita que a sua organização precisa principalmente de apoio para medir e monitorar o caminho que está a conseguir percorrer rumo à neutralidade carbónica, um aumento de 51% em relação aos 37% do ano passado.