Impacto da pandemia: 41% das start-ups em todo o mundo têm menos de três meses de dinheiro em `cash´

Cerca de 74% das start-ups afirmaram que tiveram que despedir funcionários a tempo inteiro desde o início da crise do coronavírus e que registaram quebras nas suas receitas, segundo um relatório da Startup Genome que acaba de ser revelado.

41% das start-ups globais têm menos de três meses de dinheiro disponível. Este é o resultado da pandemia e mostra que o ecossistema de start-ups é frágil, conclui um relatório baseado numa pesquisa conduzida pela Startup Genome, que entrevistou 1.070 participantes de 50 países, de 25 de março a 17 de abril.

A pesquisa descobriu que 41% das start-ups globalmente estão ameaçadas – no que o relatório chamou de “zona vermelha” – com apenas três meses de dinheiro disponível em cash. Muitas start-ups recentes têm apenas alguns meses de dinheiro em cash – 29% já estavam nessa situação antes da crise -, mas a pandemia colocou 40% delas nesta posição precária.

Com foco em start-tups que levantaram séries A, B ou rondas posteriores, 34% têm menos de seis meses de dinheiro em cash – uma zona de perigo, tendo em conta a situação atual, pois a captação de recursos tornou-se mais difícil.

Ainda de acordo com o relatório, entre as start-ups que tinham um plano de negócios antes do início da crise, quase 20% tiveram o plano de negócios deitado por água abaixo pelo investidor e 53% viram o processo abrandar significativamente ou enfrentaram um investidor que não respondeu às suas expetativas. Apenas 28% mantiveram o processo normalmente ou garantiram os fundos.

Desde o início da crise, 74% das start-ups tiveram de despedir funcionários a tempo inteiro, enquanto 39% tiveram que despensar 20% ou mais dos seus funcionários. A América do Norte tem o maior número de empresas a reduzir o número de funcionários (84%), seguindo-se a Europa (67%) e a Ásia ( 59%).

Segundo a Startup Genome, 74% das start-ups viram as suas receitas diminuirem desde o início da crise – 16%  viram as suas receitas cair mais de 80%. Um dos principais motivos das quebras de receita diz respeito ao efeito da crise nos setores em que estas start-ups operam. Três em cada quatro start-ups trabalham em setores severamente afetados pela pandemia do Covid-19, avança o relatório.

Ao mesmo tempo, uma pequena minoria de empresas está a passar por um crescimento: 12% das start-ups viram a sua receita aumentar em 10% ou mais desde o início da crise, e uma em cada 10 start-ups está em atividade num setor que está a passar por um crescimento.

“Mas o dano e o crescimento não são distribuídos uniformemente. Do lado positivo, as start-ups B2C têm cerca de três vezes mais de probabilidade de estar em setores que registam crescimento durante a pandemia, em comparação com as start-ups B2B. Do lado negativo, é mais provável que as start-ups B2B que trabalham com  grandes clientes corporativos estejam em setores afetados do que as start-ups B2B que têm como clientes pequenas e médias empresas. As start-ups B2C são as que menos experimentam um aumento nas vendas”, pode ler-se no relatório.

Medidas de apoio a start-ups
Cerca de 38% das start-ups não receberam assistência e não esperam ser ajudadas por medidas de alívio relacionadas com a pandemia. Ao mesmo tempo, 16% das start-ups não são atualmente apoiadas, mas esperam ser ajudadas por uma medida política em breve. As restante 46% estão atualmente a receber algum tipo de assistência.

Os empreendedores apontaram como as quatro principais respostas políticas mais úteis para os eus negócios as seguintes: subsídios para preservar a liquidez da empresa (29%), instrumentos para aumentar o investimento (18%), suporte para proteger os funcionários, como subsídios de suplementação para complementação da folha de pagamento (17%) e empréstimos para preservar a liquidez da empresa (12%).

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