Opinião
A humanização dos negócios

Quando entramos num novo ano, é comum refletirmos sobre as nossas conquistas, bem como as tendências que marcaram esse ano. É também usual que, ao pensarmos naquilo que queremos que o novo ano seja, olhemos as tendências que vão marcar o futuro.
Duas grandes tendências, transversais à vida e aos negócios, são a automatização e a humanização.
Se por um lado, recorremos cada vez mais à tecnologia para gerir o nosso dia-a-dia, por outro, acentua-se a necessidade de vivermos experiências autênticas, que nos ajudem a reencontrar-nos com a nossa essência.
“In a time when everything that can be done more efficiently will be done by machines, being human is the ultimate differentiator” – House of Beautiful Business
E que significa isto para as empresas?
Ao mesmo tempo que as empresas pensam a automatização dos seus negócios, é importante que se questionem como é que essa automatização vai impactar a vida dos seus colaboradores e dos seus clientes.
Do lado dos colaboradores, a expetativa é que a automatização permita que as tarefas rotineiras passem a ser realizadas de forma automática e que as pessoas passem a ter tempo para se dedicarem a tarefas mais interessantes, onde é necessária maior criatividade, espírito critico e trabalho em equipa.
Simultaneamente, também se espera que a automação traga maior flexibilidade ao nível do onde e quando trabalho. Nesse contexto há a referir que este é um dos temas chave para as novas gerações, para quem o modelo de trabalho realizado num horário determinado e num espaço definido faz cada vez menos sentido. As novas gerações procuram empresas que permitam uma integração entre a sua vida pessoal e profissional, que lhes permita conjugar a vertente tecnologia e humanização.
Relativamente aos clientes as empresas têm cada vez mais de estruturar o seu modelo de negócio, garantindo que conseguem exceder as expetativas dos seus clientes em duas dimensões. Por um lado, têm que garantir que as questões simples dos seus clientes são resolvidas de forma mais eficiente e ágil, sendo que a função da tecnologia é fundamental neste processo. Por outro lado, têm que trazer a dimensão humana, tendo a capacidade de surpreender os seus clientes, oferecendo-lhes experiências e momentos únicos, por forma a garantir que ficam na sua memória.
Em resumo, num mundo em que cada vez mais a tecnologia predomina é importante não esquecer que aquilo que verdadeiramente faz a diferença, e que predomina na memória, são as relações entre as pessoas.
O que é preciso fazer?
Segundo a BCG, para que uma empresa possa prosperar no processo da humanização, o foco tem de deixar de estar na maximização dos resultados de curto-prazo e tem que passar a estar focado nas implicações de longo-prazo, não só para a empresa, mas para todo o ecossistema em que opera. São também fundamentais a existência de um propósito alinhado com as necessidades humanas e a definição de objetivos inclusivos.
Passamos assim, segundo a definição de Aristóteles, de uma economia chrematistike, baseada na maximização da riqueza, para uma economia oikonomia, cujos resultados financeiros se subordinam a um propósito maior
Quais são os resultados?
De acordo com o estudo da BCG, em que analisaram o tipo de linguagem utilizada pelas empresas, foi possível concluir que, empresas que utilizam uma linguagem mais orientada para a Oikonomia, apresentam melhores resultados.
Paralelamente, e de acordo com um estudo realizado pela Manpower, 40% dos millennials declarou que quer trabalhar numa empresa que tenha um propósito que vá para lá do lucro, e que tenha pessoas de qualidade.
Em resumo, numa era dominada pela tecnologia, a busca pela autenticidade e transparência é uma realidade transversal aos diferentes stakeholders. E serão as empresas que melhor conseguirem integrar as duas faces da mesma moeda, que serão sustentáveis e prósperas.
“We cannot despair of humanity, since we ourselves are human beings”