O desafio da ronda de investimento da Série B

Tomasz Tunguz, investidor da Redpoint, acredita que a captação de investimento de Série B é a mais difícil para os empreendedores e partilha algumas dicas para ultrapassar o desafio com sucesso.
Tomasz Tunguz, investidor da Redpoint, que desde 1999 já investiu em 465 start-ups num total de 6 biliões de dólares (cerca de 5400 mil milhões de euros) e que integra no seu portefólio de investimentos empresas como a 2U, HomeAway, Heroku e o Netflix, afirmou no seu site que, em 2017, a ronda de investimento mais difícil de captar é a Série B.
Segundo Tunguz, independentemente das vicissitudes do mercado de investimento de cada ano, “as Séries B são sempre as mais desafiantes para o investimento por corresponderem a uma fase entre diferentes níveis de desenvolvimento. As Séries B são a fase de adolescência no crescimento de uma start-up”.
Para o investidor, se o objetivo de cada ronda de financiamento é comprovar uma hipótese, o que Tunguz acredita ser verdade no investimento seed, nomeadamente no A e B, então a série B trata-se do último marco antes de se conseguir provar que o dinheiro é o fator limitante do negócio em causa.
O investimento seed é aquele a que os fundadores recorrem para testar uma ideia e ver se esta tem potencial enquanto produto no mercado. “Um investidor seed analisa várias particularidades da start-up, mas no final tudo se resume a apostar na equipa e no sonho”, confessa o investidor.
Com o investimento da Série A, os fundadores desenvolvem os softwares e provam, numa pequena escala, que os consumidores estão dispostos a pagar por ele. Já os investidores dessa série apenas podem “prever, com base numa mão cheia de dados existentes, que a empresa tem potencial para crescer rapidamente”, relembra Tunguz.
Quando chegam à Série B, um reduzido número de empresas pode já ter provado essa tese sem margem para dúvidas. Ou estão a crescer tão depressa que lideram rondas com valores elevados, o que Tunguz refere apenas acontecer caso exista um grande e inquestionável sucesso, ou provam que a hipótese anterior não é viável no seu caso e que obtiveram um certo falhanço. Para o investir, na maior parte dos casos o que acontece é os fundadores terem apenas conseguido provar algumas partes dos objetivos estabelecidos para o mercado, mas não todas.
“As empresas na série B podem deter algum subconjunto de métricas-chave com intervalos atraentes. Podem ter metade da equipa de gestão necessária contratada. Podem ter imenso sucesso junto dos clientes, mas também ter alguns descontentes. Neste ponto, o negócio está demasiado avançado para simplesmente virem vender um sonho, mas não o suficiente para fazer aumentar as métricas”, constatou Tunguz. “Essa é a cruz da Série B”, em que a start-up tem um pé nos produtos que trouxeram os clientes iniciais e o outro nos que lhes vão trazer escala no mercado. A questão que passa a colocar-se nesta Série é se a empresa conseguirá colocar ambos os pés do outro lado.
“Nesta série o pitch para o levantamento de capital deve focar-se no porque é que é naquele momento que a empresa vai dar este salto inevitável dos clientes iniciais para os que lhe vão trazer escala”, alerta Tunguz.
“Nestes casos a chave é recorrer a um forte storytelling”, partilha o investidor da Redpoint, acrescentando que “um grande pitch inspira os investidores, os recrutadores e imprensa a acreditarem” na start-up.
Tomasz Tunguz aconselha os fundadores que se encontrem prestes a entrarem numa ronda de investimento de Série B a lerem o livro “Resonate: Present Visual Stories that Transform Audiences”, de Nanci Duarte, que pretende ajudar os leitores a conseguirem estabelecer uma ligação forte com a sua audiência e a levá-los a sentir um impulso à ação.