Futuro do trabalho: 4 tendências para ficar de olho em 2024
As mudanças no mundo do trabalho não parecem abrandar e, com a entrada num novo ano, também surgem novas preocupações e fenómenos a ter em atenção. Listamos as principais tendências para que possa estar de olho.
O mundo do trabalho tem sofrido grandes transformações desde a pandemia de Covid-19. Assistimos à proliferação do trabalho remoto e de tendências no TikTok criadas pela geração Z, os jovens nascidos entre 1997 e 2013, como o “lazy girl job” (que implica usufruir de empregos com condições de trabalho flexíveis, com poucas exigências e que permitam tempos livros, mas com salários interessantes) e o “quiet quitting” (ou demissão silenciosa, uma atitude que levou os colaboradores a fazerem apenas o mínimo que era esperado, recusando-se a trabalhar até mais tarde e a ter mais responsabilidades sem a devida compensação). E também a fenómenos globais que desencadearam a cobertura em massa dos meios de comunicação social, como o “Great Resignation”, com origem nos Estados Unidos da América e que consiste numa grande massa de colaboradores abandonarem voluntariamente os seus empregos.
Por isso, à medida que nos aproximamos do final do ano, surge a questão: quais são as perspetivas para 2024 e como vão impactar as nossas carreiras.
Rachel Wells, fundadora e CEO da Rachel Wells Coaching, empresa que potencia a carreira e a liderança da geração Z e dos millenials (nascidos entre 1981 e 1995), partilha na Forbes quatro tendências que estão a ganhar espaço nos locais de trabalho em todo o mundo e às quais deve estar atento.
1.Geração Z está a assumir o controlo
A Geração Z, em rápido crescimento, deve constituir 23% da força de trabalho mundial até 2024. Estima-se também que seja atualmente a geração com maior diversidade étnica, com mais de 50% provenientes de origem não-branca. Ao testemunharem os seus pais, da Geração X, que lutaram contra a recessão ou inflação enquanto cresciam, e ao verem (e muitas vezes experienciado) em primeira mão os efeitos da discriminação e as consequências da pandemia, esta geração tem novas ideias e criatividade para fazer a diferença no futuro local de trabalho e na sua cultura.
Segundo Wells, a Geração Z é naturalmente mais atenta à tecnologia do que os colegas mais velhos, devido ao facto de terem chegado à maioridade num momento em que as redes sociais e os smartphones estavam a ganhar mais espaço. E parecem ter uma mente mais aberta relativamente à utilização de ferramentas de IA, redes sociais e outras tecnologias para terem sucesso na sua carreira.
Além disso, é uma geração que não é adversa ao risco, mas tende a favorecer tendências como a “Gig Economy” – que abre espaço à criação de emprego fora dos modelos tradicionais.
Tendo em conta este cenário, os seus colegas um pouco mais velhos, os Millennials, e as gerações anteriores, como a Geração X e os Baby Boomers, devem preparar-se para a onda de talentos da Geração Z que chega ao mercado e apresenta um novo conjuntos de competências. Isto vai também ajudá-los a treinar e a desenvolver a sua lacuna de competências interpessoais, as soft skills.
A Geração Z também pode procurar proativamente melhorar essas competências, sendo mais autoconsciente e procurando a orientação das gerações mais velhas, frisa a CEO.
2.IA generativa veio para ficar
Tornou-se praticamente impossível não perceber os efeitos da Inteligência Artificial, em particular da IA Generativa, no mundo do trabalho. De acordo com um relatório divulgado recentemente pela EY, espera-se que a IA generativa “tenha um impacto desmesurável no mercado de trabalho, nas carreiras e nos caminhos de aprendizagem, e nas realidades do trabalho”.
“Com a expectativa de que as categorias de trabalho especializadas em IA e aprendizagem de máquina aumentem nos próximos cinco anos, os funcionários e os empregadores também já estão a criar expectativas e investimentos em torno da tecnologia”, continua o relatório.
A IA generativa parece estar a afetar quase todas as indústrias, não apenas na tecnologia, mas na substituição de humanos e na ampliação de outros processos. Por exemplo, no LinkedIn, o número de anúncios de emprego que mencionam o ChatGPT como um requisito desejável aumentou em 21 vezes nos perfis dos membros da plataforma, disparando 75% mês, em média, desde janeiro de 2023. “É crucial, portanto, familiarizar-se com várias ferramentas de IA generativa, entender como elas funcionam e aprimorar o seu uso e desenvolvimento se quiser ser relevante para os empregadores”, refere Wells.
3. Novos modelos no futuro do trabalho
O trabalho remoto também está a mudar para decepção de muitos trabalhadores que se adaptaram ao home office durante a pandemia. Uma semana inteira de trabalho 100% remoto está a tornar-se menos comum, com a maioria a voltar-se para os modelos híbridos, de forma a adaptarem-se às necessidades crescentes das empresas e da força de trabalho. A adoção do modelo de trabalho híbrido deve aumentar para 81%.
Os profissionais que foram demitidos ou que procuram uma mudança na carreira também devem ter em mente que, se restringirem as suas opções a oportunidades de trabalho totalmente remotas, as suas hipóteses serão mínimas. Para assumir uma nova vaga de emprego dentro de um tempo razoavelmente curto, tente ser o mais flexível possível e considere com que frequência pode comprometer-se a ir ao escritório e até que ponto está disposto a deslocar-se, aconselha Wells.
4. Aumento de projetos e trabalhos paralelos
A tendência de assumir atividades paralelas está a aumentar e é particularmente popular entre as gerações mais jovens, com 70% da Geração Z e 50% dos Millenials a admitir ter algo além do trabalho principal. Isso não é surpresa, tendo em conta a inflação e o aumento do custo de vida. “Somos forçados a sobreviver complementando o salário normal com rendimentos extras de pequenos negócios e trabalho freelance, refere Wells.
Para a responsável, o marketing de influência também aumentou significativamente como uma ocupação paralela, com o mercado de influenciadores a ser responsável por cerca de 21,1 mil milhões em 2023, o que representa aumento de 29% em relação ao ano passado.