Fundos de private equity de pequena e média dimensão ultrapassam os de grande dimensão, diz estudo

Um novo estudo empírico da Schroders Capital revela que os fundos de private equity de pequena e média dimensão tiveram um desempenho superior ao dos fundos de grande dimensão, apresentando maior resiliência ao longo dos ciclos económicos.
Com o crescimento do mercado de private equity nas últimas décadas, os grandes fundos têm atraído uma parte cada vez maior do capital global dos parceiros limitados (LP). Os investidores têm-se inclinado para os grandes fundos de private equity, partindo do princípio de que estes oferecem melhores rendibilidades e uma maior capacidade de resistência devido à sua escala e estabilidade.
Esta é uma das conclusões de um estudo empírico da Schroders Capital, que revela que os fundos de private equity de pequena e média dimensão ultrapassaram os seus congéneres de grande dimensão, com rendibilidades mais robustas e persistentes ao longo do tempo.
O estudo, que analisou dados de mais de 64 mil fundos de private equity e de 400 mil transações em operações de aquisição, crescimento e capital de risco entre 2000 e 2023, classificou o segmento de pequena e média dimensão como fundos inferiores a 500 milhões de dólares (466 milhões de euros) e 2 mil milhões de dólares (1,87 milhões euros), respetivamente, e transações inferiores a 50 milhões de dólares (cerca de 47 milhões de euros) e 200 milhões de dólares (187 milhões de euros), respetivamente.
Na última década, a angariação de fundos por parte dos grandes fundos ultrapassou largamente o fluxo de transações, o que resultou numa maior concorrência e, consequentemente, em múltiplos de entrada para as grandes transações. O fluxo de transações de grande dimensão cresceu 1,6 vezes, enquanto a captação de fundos de grandes fundos cresceu 14,9 vezes. Já os fundos de pequena e média dimensão, pelo contrário, registaram um crescimento de 2,7 vezes no fluxo anual de transações ao longo da última década, enquanto a captação anual de fundos cresceu apenas 2,4x, refere o estudo.
Não só o ritmo de crescimento da angariação de fundos é muito mais elevado nos grandes fundos, como os níveis de angariação de fundos já estão muito acima da tendência de longo prazo, de acordo com o indicador de angariação de fundos (FRI) da Schroders Capital – que mostra as áreas do mercado de private equity que estão acima ou abaixo dos níveis de captação de recursos a longo prazo. A tendência a longo prazo baseia-se nos níveis de angariação de fundos ajustados à inflação e exclui os ciclos económicos.
A captação de fundos nos grandes buyout europeus e norte-americanos é 100% superior à tendência de longo prazo, em comparação com a tendência nos fundos de aquisição pequenos e médios, apenas 40% superior.
Historicamente, o segmento pequeno e médio do mercado tem oferecido muito mais oportunidades de investimento, tanto em fundos como em transações, frisa o estudo.
De acordo com os dados da Preqin relativos ao período de 2010 a 2023, o número de fundos de pequena e média dimensão no mercado foi 50 vezes superior ao dos fundos de grande dimensão e o número de oportunidades de transação de pequena e média dimensão foi 17 vezes superior ao das transações de grande dimensão. “Por outras palavras, o segmento das pequenas e médias empresas constitui a maior parte da “longa cauda” do private equity, representando 98% de todos os fundos no mercado e 94% de todas as transações”, explica a Schroders Capital.
Em média, os fundos de private equity de pequena e média dimensão tiveram um desempenho superior ao dos fundos de private equity de grande dimensão numa base de valor total líquido pago (TVPI) para as vintages posteriores a 2005 e numa base de taxa interna de rendibilidade (TIR) líquida para as vintages posteriores a 2009.
O desempenho superior é também demonstrado de forma consistente em diferentes regiões geográficas e estratégias de investimento. Na Ásia, na América do Norte e na Europa, os fundos de pequena e média dimensão apresentaram retornos líquidos mais elevados do que os fundos de grande dimensão entre 2000 e 2018.
O estudo revelou também que a persistência dos retornos é maior nos fundos de pequena dimensão, forte e significativa nos fundos de média dimensão, mas fraca nos fundos de grande dimensão. Em particular, 36% dos fundos de private equity de pequena e média dimensão que se situavam no quartil superior num determinado vintage eram também do quartil superior no vintage seguinte do GP. Este valor é de apenas 22% entre os grandes fundos.
Tradicionalmente, os investidores têm privilegiado os grandes fundos de private equity. Contudo, os fundos de pequena e média dimensão têm tido um desempenho superior ao dos seus congéneres de grande dimensão em diferentes regiões, estratégias de investimento e períodos económicos.
“Isto pode ser parcialmente atribuído ao facto das empresas visadas pelos fundos de pequena e média dimensão transacionarem frequentemente múltiplos de avaliação mais baixos. Oferecem igualmente um maior potencial de criação de valor operacional e constituem perspetivas atrativas para os grandes fundos de private equity ou para os compradores estratégicos que procuram investimentos “tuck-in”. Particularmente numa altura em que os grandes fundos de private equity estão com muito capital, acreditamos que o segmento das pequenas e médias empresas oferece um conjunto mais vasto e atrativo de oportunidades de investimento”, afirma a Schroders Capital.