Estudo global EY: empresas pouco preparadas para o RGPD

As empresas ainda não estão totalmente preparadas para os requisitos de proteção de dados do novo regulamento. A constatação está espelhada no Global Forensic Data Analytics Survey da EY.

O terceiro estudo Global Forensic Data Analytics Survey que a EY (anteriormente designada Ernst & Young) acaba de revelar que, apesar das questões regulatórias serem uma prioridade para os líderes empresariais, as empresas ainda não estão preparadas para cumprir os novos requisitos exigidos pelo Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) que entra em vigor no próximo mês de maio. Ou seja, apesar de 78% dos inquiridos deste estudo considerar que a conformidade em matéria de proteção dos dados e privacidade da informação é uma preocupação crescente, apenas 33% revelou ter em curso um plano para aplicar o RGPD.

Esta é uma das conclusões resultante do estudo da EY, uma pesquisa baseada nas respostas de 745 executivos, provenientes de 19 países, que analisou os riscos legais, de conformidade e de fraude que as empresas globais enfrentam e o uso de Forensic Data Analytics (FDA) para os gerir.

Gestão de riscos aumenta
Segundo o Global Forensic Data Analytics Survey,  os entrevistados manifestaram a sua convição sobre a importância e benefícios da Forensic Data Analytics (FDA), no âmbito do programa de gestão das organizações. O facto dos gastos médios anuais dos entrevistados neste campo ter aumentado cerca de 51%, face a 2016, comprova essa tendência. 41% dos entrevistados revelou que já usa automação de processos por robótica (RPA) para gerir os riscos em matéria jurídica, de conformidade e de fraude, enquanto 39% afirmou mesmo que, provavelmente, irá adotar a RPA dentro dos próximos 12 meses, e 38% a inteligência artificial (AI).

Outra das conclusões refere que 42% das empresas acredita que a regulamentação tem um impacto significativo quer na conceção quer na utilização do FDA.  13% indicou já estar a usar Forensic Data Analytics para obter a conformidade com o RGPD, enquanto 52% confirmou ainda estar a analisar as ferramentas a usar.

Globalmente, o relatório da EY destaca o aumento da utilização da FDA, mas lembra a necessidade das empresas reforçarem o investimento em recursos qualificados. No total dos entrevistados pelo Global Forensic Data Analytics Survey, apenas 13%  sente que a sua organização tem as competências técnicas adequadas em FDA, contra 12% que acredita ter as qualificações certas em matéria de analítica de dados/ciência de dados.

A propósito deste tema, Andrew Gordon, Global Fraud Investigation & Dispute Services Leader da EY, esclareceu que a “A FDA não tem a ver só com tecnologia, mas também com as pessoas que gerem essa tecnologia e como a usam para gerir os riscos”. E embora considere encorajador saber que o investimento está a crescer, Andrew Gordon defende que “as empresas precisam de contratar talento e de investir em competências chave, tais como conhecimento de domínio e análise de dados, de modo a gerirem o perfil de risco eficazmente”.

No âmbito nacional, Pedro Subtil, Fraud Investigation & Dispute Services Leader em Portugal, acredita,  com base na experiência da empresa no apoio a diferentes clientes, quer na avaliação sobre o grau de cumprimento do RGPD, quer nos respectivos planos de remediação, “que a situação em Portugal está em linha com as conclusões retiradas para a União Europeia. Muito por força das elevadas penalidades que estão previstas, no caso do seu não cumprimento”.

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