Esta start-up de IA emprega pessoas com deficiência na Tailândia
As pessoas com deficiência enfrentam sérios obstáculos na procura de emprego na Tailândia, mas uma start-up de inteligência artificial está a resolver vários problemas ao mesmo tempo, recorrendo a esta força de trabalho que é muitas vezes esquecida.
Na Tailândia, existem mais de 1,7 milhões de pessoas com deficiência e apenas 30% delas têm emprego, um problema que Methawee Thatsanasateankit está a tentar solucionar.
Thatsanasateankit cofundou a Vulcan Coalition em 2020 com o objetivo de desenvolver novos serviços de Inteligência Artificial (IA) em língua tailandesa e ao mesmo tempo melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência.
A Vulcan Coalition procura combater a falta de trabalhadores capazes de rotular as grandes quantidades de dados produzidos na língua tailandesa, mas recorrendo a pessoas com deficiência.
De acordo com estudos de neurociência, alguns indivíduos cegos ou surdos têm percepções otimizadas que lhes permitem compensar a perda sensorial. “Aprendemos que as pessoas com deficiência quase têm um superpoder”, disse Thatsanasateankit. “Então, vimos uma oportunidade ao empregá-los neste tipo de trabalho ”, acrescentou o responsável.
A rotulagem de dados envolve a identificação de dados brutos, como arquivos de áudio ou vídeos, e a inserção de rótulos informativos para contexto, o que permite que um modelo de aprendizagem de máquina “aprenda” com os dados, que podem depois ser aplicados em chatbots e em outros serviços de reconhecimento de voz.
Thatsanasateankit e o seu parceiro de negócio Niran Pravithana começaram por criar um currículo para apresentarem ao governo tailandês e mostrarem que as pessoas com deficiência poderiam ser uma mais-valia como rotuladores de dados. A inciativa foi bem acolhida, pelo que a Vulcan estabeleceu, então, uma parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Segurança Humana da Tailândia para formar 2 mil pessoas na rotulagem de dados.
“Quando dissemos pela primeira vez às pessoas [com deficiência] que gostaríamos de empregá-las como rotuladores de dados, elas ficaram um pouco assustadas porque era algo que estava fora da sua zona de conforto”, disse Thatsanasateankit.
Apesar de todos os receios, a Vulcan Coalition foi a opção para muitas delas. A start-up emprega hoje cerca de 500 funcionários que possuem deficiência visual ou de mobilidade. Punnaphoj Aeuepalisa, que é é cego e engenheiro de software sénior na Vulcan Coalition, é um dos colaboradores. O jovem ajudou a criar a plataforma usada por indivíduos para rotular dados através da conversão de voz em texto e outros processos, e é uma voz ativa na forma como a empresa está a desenvolver programas de IA para o futuro.
“Tenho interesse por ciência da computação desde criança. Matriculei-me na universidade no departamento de engenharia da computação. Após a licenciatura, conheci o diretor de pesquisa da Vulcan que me disse que gostaria de criar um departamento de engenharia para pessoas com deficiência. Então entrei para a equipa e fazemos vários produtos e plataformas, recorrendo ao nosso sistema. Há também muitos projetos que estamos realizando em colaboração com organizações externas”, explicou.
Atualmente, a Vulcan Coalition trabalha com bancos, empresas de recursos humanos e automação residencial para criar chatbots, processos e modelos de IA para uso em toda a Tailândia.