Semana de 4 dias de trabalho começa a ser testada em alguns países
Ainda que em fase de testes, alguns países começam a aderir à semana de 4 dias de trabalho. Bélgica, Reino Unido e Islândia são alguns exemplos.
O tema está na ordem do dia e foi potenciado pela Covid-19 e pelas alterações que esta provocou nos modelos de trabalho: a adoção, ou não, da semana de quatro dias de trabalho. A ideia é as empresas reduzirem, em um dia, a semana laboral de cinco dias, mas com os trabalhadores a manterem o mesmo salário e benefícios bem com a mesma carga laboral.
Quem defende este modelo baseia-se na maior produtividade dos colaboradores, uma vez que um melhor equilíbrio entre a vida pessoal e profissional aumenta a sua satisfação e, por inerência, a produtividade no local de trabalho.
Todavia, a eventual adoção do modelo da semana de quatro dias de trabalho não é pacífica e está a mobilizar governos, empresas, trabalhadores e sindicatos pelo mundo fora. Ainda assim, e apesar da controvérsia que envolve, já são alguns os países que estão a abraçar esta ideia e a passa-la à prática, ainda que em fase de testes.
O Euronews retratou recentemente alguns exemplos de países onde essa alteração está a ser testada e o impacto que está a causar, com é o caso da Bélgica.
Neste país, desde fevereiro deste ano que os trabalhadores podem escolher se querem trabalhar quatro ou cinco dias na semana, sem alterações salariais. A redução dos dias de trabalho implica que condensem as habituais horas de trabalho em apenas quatro dias. Desta forma, quer as empresas quer os trabalhadores têm mais flexibilidade para organizar o tempo de trabalho e, eventualmente, coordená-lo de forma mais equilibrada com a vida pessoal. Contudo, este cenário não se revela atrativo para todos devido à sobrecarga de horas de trabalho em quatro dias. Por sua vez, quem trabalha por turnos não tem a possibilidade de optar por este modelo.
O Reino Unido é outro mercado onde a semana de quatro dias de trabalho está a ser estudada. Neste caso, foi lançado, no início de junho, um programa piloto de seis meses para avaliar o impacto da redução da jornada de trabalho na produtividade das empresas e no bem-estar dos trabalhadores, bem como os efeitos da medida no meio ambiente e na igualdade de género. O programa é acompanhado por investigadores das universidades de Cambridge e Oxford, pelo Boston College, assim como por grupos de advocacia sem fins lucrativos.
O Euronews adianta que já foram cerca de 70 as empresas e três mil os trabalhadores que se inscreveram neste programa, que tem congéneres em países como EUA, Irlanda, Canadá e Nova Zelândia, por exemplo. Na Escócia, está previsto para o próximo ano uma avaliação do Governo nesta matéria. O Governo refere uma pesquisa feita recentemente pelo Institute for Public Policy Research (IPPR) – na qual 80% dos inquiridos foram recetivos à iniciativa. Disseram que o programa melhoraria sua saúde e felicidade.
O País de Gales também equaciona avançar com testes de depois de várias entidades pedirem ao governo que introduza um teste semelhante de quatro dias de semana de trabalho, pelo menos no setor público.
Um passo à frente nestas matérias, a Islândia realizou um teste piloto entre 2015 e 2019 com uma semana de 35 a 36 horas (ao invés de 40), sem redução salarial, no qual participaram perto de 2500 pessoas. Os resultados do teste foram analisados pela consultora britânica Autonomy e pela islandesa Association for Sustainability and Democracy (ALDA), e foram considerados um sucesso pelos investigadores e pelos sindicatos islandeses que negociaram a redução das horas de trabalho.
Agora, cerca de 90% dos trabalhadores na Islândia tem um horário reduzido. Os investigadores constataram que o stress e os esgotamentos diminuíram e que houve uma melhoria no equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.
Em 2015, a Suécia testou a semana de trabalho de quatro dias com pagamento integral, mas os resultados não foram conclusivos porque nem todos concordaram com dias de trabalho de seis horas, em vez de oito horas, sem perda de pagamento, pelos custos que implicaria adotar a medida em larga escala. No entanto, algumas empresas optaram por manter o horário reduzido para os seus trabalhadores.
Já a Finlândia não introduziu a semana de trabalho de quatro dias, apesar das notícias que davam como certa essa opção, mas que o Governo acabou por desmentir.
Outro exemplo de adesão à semana de quatro dias é o Japão, mas aqui são as empresas que estão a testar este modelo, depois de no ano passado governo ter anunciado um programa para implementar o equilíbrio entre vida profissional e pessoal em todo o país.