Empresas europeias gastam 275 mil milhões de euros por ano a recuperar pagamentos

As empresas europeias passam mais de um quarto do ano de trabalho atrás de pagamentos em atraso, o que pode custar 275 mil milhões de euros, segundo estudo da Intrum.
De acordo com o estudo anual da Intrum, as empresas em toda a Europa passam mais de 74 dias por ano, ou seja, mais de um quarto do ano de trabalho, o que corresponde a uma percentagem de 29 por cento.
A 26ª edição do estudo European Payment Report mostra que o tempo despendido na recuperação dos atrasos de pagamento por parte das empresas europeias representa um custo de 275 mil milhões de euros para a economia europeia. Este valor é superior à totalidade do PIB [Produto Interno Bruto] da Finlândia, que ascende a cerca de 272 mil milhões de euros.
Comparando com toda a Europa, as empresas em Portugal são das que mais tempo despendem com a recuperação de pagamentos em atraso. Os dados do último estudo da Intrum dizem que 81% das empresas portuguesas consumem mais de 5 horas semanais em processos de recuperação de pagamentos em atraso. Apenas 6% das empresas despende menos de 2 horas semanais nesta atividade.
O Top 5 europeu é liderado pela Finlândia, com 51% das empresas a gastar mais de 10 horas por semana atrás de pagamentos em atraso.
A França (49%) é o segundo país onde as empresas despendem mais tempo a cobrar o dinheiro que lhes é devido pelos devedores, seguida da Polónia e Alemanha (47%) e da Grécia (46%) que também sofrem fortes impactos.
Em relação aos setores de atividade, a Banca e os Serviços Financeiros são quem mais tempo despende a cobrar atrasos de pagamento, com 45% das empresas inquiridas neste setor a responder que gastam pelo menos dez horas a fazê-lo. Mais de quatro em cada dez empresas de Serviços para Empresas, Setor Público e Extração Mineira também ocupam mais de 10 horas, todas as semanas, a resolver pagamentos atrasados, com 44% das empresas de cada um desses setores a confirmar que são impactadas por este processo.
Mais de metade das empresas europeias (53%) dizem ter cada vez mais dificuldade em chegar a condições mutuamente benéficas para os clientes e fornecedores em matéria de pagamentos, o que leva a negociações prolongadas e ao incumprimento de prazos de pagamento.
A mesma proporção de empresas sente maior frustração com o aumento dos pedidos por parte dos seus clientes de adiamento da liquidação de dívida após emissão da fatura e respectivo prazo de pagamento.
Quase dois terços (61%) das empresas também dizem que receber pagamentos mais rapidamente pode ajudá-las a priorizar o seu desempenho em sustentabilidade, ajudando a contribuir para uma economia mais forte e mais ecológica.
Ainda de acordo com o estudo, quase três quintos (58%) das empresas europeias intentam ações judiciais para receber os seus créditos, enquanto um terço (34%) tem processos internos claros de recuperação de dívidas. Entre as empresas que dedicam mais de dez horas por semana atrás de valores vencidos, estes números caem para 53% e 28%, respetivamente.
Por outro lado, entre as empresas que demoram mais tempo para seguir os atrasos de pagamento, a mediação e os processos alternativos de resolução de disputas são abordagens mais populares. Estes oferecem uma maneira menos conflituosa de se envolver com clientes, mas o Estudo da Intrum conclui que têm o custo de tempos de resolução mais longos.
A 26ª edição do estudo da Intrum contou com as opiniões de mais de 10 mil empresas de 29 países europeus.