Empresas europeias continuam de costas voltadas para as start-ups

O comportamento disruptivo das start-ups é uma das principais fontes de motivação para a inovação corporativa na Europa, mas um novo estudo revela que as grandes empresas ainda estão de costas voltadas para as start-ups.
O tema da inovação e das start-ups é popular nos discursos das grandes empresas. Mas o envolvimento real não passa daí. Ou, pelo menos, é esta a principal conclusão de uma pesquisa da Deloitte sobre inovação corporativa, que abrangeu 760 grandes empresas de 16 países da Europa.
O estudo concluiu que 76% das empresas entrevistadas acredita que os novos agentes disruptivos assumem uma importância elevada nas suas próprias atividades de negócios e a mesma percentagem concorda que as start-ups desencadeiam inovação dentro de uma empresa. Por outras palavras, as maiores companhias da Europa estão atentas ao que se passa no mundo das start-ups.
Por outro lado, este estudo concluiu também que, na prática, nada disto se traduz em ação concreta. As grandes empresas falam muito mais sobre a possibilidade de se envolverem com o trabalho das start-ups do que, na realidade, o fazem.
As empresas preferem organizar ações com especialistas oriundos do seu próprio mercado ou percorrer as redes sociais em busca de recursos de inovação do que investir em start-ups, cooperar em projetos comuns ou disponibilizar capital de risco para este fim.
Scott Campbell, diretor da Deloitte Ventures, chamou a este fenómeno “teatro de inovação”. Segundo a sua opinião, muitas são as empresas que organizam eventos e workshops aparentemente inovadores, mas são poucas as que possuem uma estratégia bem definida para a área da inovação ou se mostram abertos a ações disruptivas.
“Não é fácil trabalhar como uma start-up” explica Campbell à Sifted, “já que exige que a empresa mude a sua postura na forma como aborda assuntos como segurança de dados, recursos humanos e política de empresa. Adotar a postura de ‘teatro de inovação’ é mais fácil.”
Mais de metade das empresas inquiridas a operarem nos mais diversos setores estão neste momento a tentar implementar novas tecnologias, como a Internet of Things, sistemas robóticos de automação, inteligência artificial ou realidade virtual.
Os especialistas em tecnologias disruptivas são mais facilmente encontrados em start-ups de tecnologia do que nas indústrias tradicionais e as empresas parecem ter a noção da necessidade de olhar mais além para melhor tirar partido destas ferramentas. Quase todos os inquiridos (92%) disseram que as influências externas são, pelo menos, tão importantes quanto os recursos internos, sendo que, um terço reconheceu as influências externas como mais importantes.
No entanto, a maioria das empresas na Europa continua a avançar por conta própria. “As empresas europeias ainda não perceberam a importância dos ecossistemas”, escreveram os autores do relatório Nicolai Andersen diretor de inovação na Deloitte Alemanha, Alexander Boersch, economista, e Julian Blohmke , em inovação sustentável. “As companhias europeias não estão a utilizar intensivamente nenhum método ou processo para explorar recursos de inovação fora da empresa. O que significa que ainda precisam de perceber a importância dos ecossistemas para o futuro dos negócios.”