O empreendedorismo do futuro baseado no que sabemos hoje

Que previsões faz para o futuro do mundo das start-ups e do empreendedorismo?
Exatamente há 20 anos, em outubro de 1997, a Entrepreneur lançava uma revista onde se podiam ler os seguintes temas: “como usar o sistema de som da sua loja de forma a amplificar a sua imagem e as vendas”, “porque devia considerar publicidade na TV por cabo” ou “como ter um bom serviço ao cliente através de cartas, postais e chamadas telefónicas”.
Por norma, quando olhamos para trás, as maiores diferenças em que reparamos prendem-se com a tecnologia: redes sociais, smartphones, tablets, aspiradores autónomos, drones… enfim, a lista é extensa. Mas esquecemo-nos sempre de colocar uma variável na equação. O ponto que falta acrescentar às nossas previsões somos nós, humanos.
Quando tentamos fazer previsões, com base na tecnologia que existe hoje, esquecemo-nos de quem é que vai montar a próxima grande invenção. Os próximos “eurekas” vão ser exclamados por outra geração, que tem outras predisposições e as suas próprias maneiras de ver o mundo.
Os empreendedores de hoje em dia estão habituados à influência das redes sociais nos seus negócios. A importância é tal que, por norma, há sempre alguém nas empresas destinado a gerir as páginas das mais diversas plataformas. Esta realidade está em vias de mudar.
Num inquérito onde participaram mais de 1000 estudantes universitários, com idades compreendidas entre os 20 e os 25 anos, a maioria das pessoas responderam que não iam fazer nada para tornar os seus perfis nas redes sociais mais “apetecíveis” para os seus empregadores. Mais, 68% dos inquiridos referiu que nunca tentaria esconder as suas contas das redes sociais de potenciais empregadores.
Neste campo, a previsão é que a próxima geração de empreendedores se vai importar menos com a imagem que transmitem do que com o sucesso do negócio em que estão inseridos. Menos do que qualquer outra geração precedente.
Outra das tendências atuais é a migração de negócios para o online. As compras na internet estão mais fiáveis e mais fáceis do que nunca. A introdução da indústria 4.0 e a possibilidade de personalizar os produtos à sua medida fazem-nos pensar que o futuro das compras passa por pedir tudo online. Com base na crescente tendência da digitalização das empresas, tudo indicaria que o futuro das compras passaria a 100% pelo e-commerce.
No entanto, segundo um estudo feito pela SmarterHQ, 50% dos millennials prefere fazer compras presencialmente, em lojas físicas. Na esfera das vendas, a previsão é que haja uma complementaridade dos dois tipos de lojas (on e offline), onde as pessoas começam a fazer as compras na internet e as finalizam na loja física e vice-versa. Um bom exemplo disto é a Amazon: começou com um negócio online e recentemente abriu uma loja física para testar o mercado.
O Business Insider noticiou, no final de agosto, que os “Millennials estão a matar dezenas de indústrias”. Neste artigo, os especialistas explicam como as preferências desta geração estão a matar lentamente as empresas. A explicação pode vir de uma razão simples: grande parte dos millennials cresceu num tempo de recessão. Tendo crescido neste ambiente, esta linhagem não aprecia grandes exibições de dinheiro. Em vez disso, os millennials preferem ser os primeiros a fazer novas descobertas e a mostrar as últimas grandes tendências aos seus amigos.
A previsão para este campo é que, num futuro próximo, o mercado vai ser mais recetivo a novas ideias e a novos negócios. Isto porque a próxima geração com poder de compra não vai ter problemas em experimentar novos produtos. No entanto, vai ser mais complicado fidelizar os clientes visto que estes estão sempre à procura da próxima “grande compra”.