Opinião
Difícil é fazer
Janeiro é sempre tempo de resoluções. Pessoais e profissionais. Ainda no outro dia em Lisboa chovia a cântaros e lá seguia uma senhora a correr debaixo da chuva. Resoluções cumprem-se com resiliência. E sobretudo com isso mesmo: ação.
Muito do processo da resolução é estimulante. Previamente a reflexão. Por vezes o debate em equipa. Até podemos ter especialistas pagos a peso de ouro ou ‘pro bono’ a colaborar. Afinal, quem não gosta de parar para pensar? Imaginar o futuro. Dourado, pois claro! Porque iríamos parar e chegar à conclusão de que está tudo bem? A ideia é ter ideias. Novas, pois claro. O que nunca fizemos e queremos acumular a fazer.
Mas o problema das ideias é que elas não são, em si, uma resolução. Podem ser o princípio, mas não certamente um fim senão como concretização de um pensamento. Mas creio que pessoas e empresas raramente fazem do empreendimento do pensar como a sua atividade única, regular e compensadora…até compensa, estimulando, mas só ideias sem concretização raramente colocam pão na mesa.
Problema, portanto, não são ideias, mas como as conseguir implementar. E por fim, como as conseguir implementar com sucesso.
Visto de fora, recebemos muitas vezes opinião de familiares, clientes e amigos: porque não fazem isto? Nunca pensaram fazer aquilo? Acho incrível como nunca se lembraram (e eu sim) de fazer aqueloutro…
Fazer uma app, investir em data mining, apostar no eCommerce, no liveshopping, no TikTok, em Blockchain, NFTs, virtualização, e no… e na… e…
Não são só as ideias que faltam. Até porque ideias que mudaram o mundo precisaram da mesma resolução: serem postas em prática uma e outra vez e outra vez e ainda outra vez até serem polidas e finalmente mudarem o mundo. Ao invés da ideia, o que mudou o mundo foi fazer aquela ideia mil vezes, até a ideia virar a ideia certa.
Se há resolução que deveríamos perseguir este ano era dar maior força e empenho ao fazer as ideias que já tivemos e não às ideias por fazer. Fazer mais e ter ideias para fazer melhor as ideias que já temos, em vez de procurar novas avenidas.
Como ter recursos para concretizar? Como melhorar este processo? Em que podemos otimizar este sub-serviço? Como justificar este investimento? Como tornar viável? Em quanto tempo conseguimos?, ainda será oportuno? Como dividir o esforço em várias etapas deste bloco para aperfeiçoar e resolver este impasse?, …
Se há uma ideia a ter como resolução, é fazer.
Lembrar aquela senhora: pode chover, mas corra na mesma; ao invés de se por já com outras ideias.