Numa altura em que a maior parte de nós goza as suas férias – em Portugal ou lá fora – detenho-me na reflexão da nossa marca maior, mais popular e de mais valor: Portugal.
Talvez dramatizando um pouco, mas serve o título para enfatizar a ideia que se segue. E não tem a mesma nada que ver com a Inteligência Artificial diretamente. Ainda que ela também contribua. Mas atalhando, a reflexão centra-se sobretudo na ideia de que já passámos da transformação digital (e não para o digital!) para a fase da Atualização Tecnológica Permanente.
Recrutar talento, sobretudo aquele que sabemos é diferenciador na organização, pode ser um desafio. Sobretudo perante o que a empresa precisa e o que o colaborador procura, entre a vida pessoal e a carreira vs. a vida da organização e o que esta integra.
Os dados são reveladores: em 1997 em Portugal 53,4% dos portugueses liam livros; em 2007 esse valor subiu para 56,9%; no caso dos jornais a subida foi ainda mais expressiva, de 69,4% para 83% (Estudo “A Leitura em Portugal” pelo Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação – Out. 2007).
Como pai de três, estando a filha do meio a caminho de concluir o 9.º ano e decidir o seu caminho pelo Ensino Secundário, eis-me pela segunda vez na condição de apoiar este momento do percurso académico e pessoal.
As relações de confiança estabelecem-se por vezes sem termos a perceção do seu porquê. E quando nos perguntamos ou nos perguntam porque confiamos naquela pessoa, tentamos encontrar âncoras que o expliquem, sendo muitas das vezes justificações vagas ou fortuitas.
Aborda-se este tema de forma entusiasta em conversa, mas já quanto à prática estamos ainda muito longe. Falar dos erros é ainda tido como reflexo de fragilidade, debilidade e fator dissuasor. Numa palavra: risco. De perder a oportunidade. De parecermos menos competentes. Menos fortes. Irregulares. E, portanto, o que vamos vendo são perfis imaculados, polidos, redondos, falsamente perfeitos.
Confesso que fiquei pasmado quer pelo conceito, mas sobretudo por saber estar ainda a ser prática em várias empresas e de forma tão assertiva. Não sabe o que é? Prepare-se. Infelizmente há quem saiba muito bem, na pele, e com repercussões no salário no final do mês.
Pode a biologia fazer-nos pensar na pertinência, relevância e absoluta importância de pessoas-chave nas nossas equipas? Claro que pode. Partimos de um caso da ciência como metáfora para refletirmos no valor que certos colaboradores têm – sobremaneira – nas nossas empresas. Por mérito próprio.
Para quem é de ciência já terá estranhado o título e a conjugação de tão fantástica peça dos nossos cromossomas com uma qualquer questão moral ou profissional de fundo... mas já lá vamos.
A atual discussão em torno da semana de 4 dias de trabalho tem levantado boas e pertinentes ideias, reflexões, comentários e até desabafos (quer de colaboradores quer de entidades patronais, sindicatos, políticos, ..). Mas ainda que o objetivo aparente seja positivo (procurar um modelo que nalguns casos possa servir melhor empresas e colaboradores) fico desanimado ao ver falar do trabalho como se ele fosse pano de fundo do demónio, um mal com o qual temos de viver e que melhor seria não o ter.
Nos anos 90 um engenheiro da NASA a trabalhar no Challenger disse a propósito da disputa de ideias e argumentos “se eu vir que não tenho Data para suportar o que eu digo, nem vale a pena dar a minha opinião, porque a do chefe será sempre aceite à frente da minha”.