Consórcio português Plantcovid criou uma tecnologia limpa com base em plantas

Com base em plantas, o projeto do consórcio Plantcovid faz com que os tecidos sejam antimicrobianos, com eficácia sobre bactérias e fungos patogénicos.
Em linha com uma abordagem de economia circular, o consórcio Plantcovid criou em laboratório uma nova tecnologia com compostos vegetais para a área têxtil. Trata-se de um processo que utiliza compostos vegetais que decorrem da agricultura e que permite conferir aos tecidos uma maior longevidade, diminuindo a necessidade de lavagens e eliminando maus odores produzidos pelos micro organismos que vivem “naturalmente” neste tipo de substratos.
Constituído pela Next Generation Chemistry (Porto), pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa (Porto), pelo Instituto Politécnico de Bragança e pelo Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, o objetivo do consórcio, explica Miguel Marques Pinto, Chief Science Officer da Next Generation Chemistry, foi o de “investigar, desenvolver, testar em ambiente laboratorial e produzir em escala piloto um (ou mais) compostos de origem vegetal com capacidade de inativar o vírus SARS-Cov2, e uma coleção de bactérias e fungos nocivos para a saúde humana”.
Com este ponto de partida, acrescenta Miguel Marques Pinto, “foram identificadas e testadas mais de 15 espécies vegetais cultivadas em Portugal”. Esclarece ainda que após a otimização dos processos de extração de cada planta, os extratos foram caraterizados quanto à sua ação antimicrobiana. “Foram identificados vários extratos com elevada atividade antibacteriana, antifúngica e antiviral contra o vírus SARS-Cov2”.
A equipa que integra o consórcio concluiu que um dos extratos com maior atividade antimicrobiana é proveniente de um subproduto da agricultura local, a bolota, apesar de se destacaram ainda outros extratos de plantas como a esteva, equinácea, flor de castanheiro e eucalipto.
“O produto não apresenta toxicidade para a saúde humana e tem uma performance similar aos compostos, originários em síntese petroquímica, que estão atualmente no mercado e que pretendemos substituir”, frisou o Chief Science Officer da Next Generation Chemistry.
Foram realizados testes de permanência do composto no tecido, através da simulação de lavagens domésticas, e constatou-se que o composto é resistente às lavagens. As aplicações mais óbvias são em produtos têxtil lar, como, por exemplo, lençóis e toalhas de banho.
“O Plantcovid teve sempre uma preocupação com a sustentabilidade e a circularidade das matérias-primas utilizadas e dos processos de obtenção dos novos extratos e protótipos comerciais”, concluiu Manuela Pintado, diretora do Centro de Biotecnologia e Química Fina da Universidade Católica Portuguesa.