Open Cosmos compra start-up portuguesa Connected para liderar no setor espacial europeu

A operação acelera as capacidades de conectividade da Open Cosmos e o seu crescimento industrial de longo prazo em Portugal.

Com a ambição de reforçar a autonomia tecnológica da Europa, a Open Cosmos, que desenvolve, constrói e opera missões completas de satélites, com unidades de produção no Reino Unido, Espanha e Grécia, adquiriu a Connected, uma start-up portuguesa pioneira em conectividade IoT standard e acessível a partir do Espaço.  O valor envolvido na operação não foi divulgado.

“Esta transação marca um dos exits mais rápidos e bem-sucedidos da história da tecnologia espacial europeia e um marco importante para a afirmação de Portugal como um polo líder em inovação e produção para a economia espacial”, explicam as empresas em comunicado.

“A Connected construiu em dois anos o que outras empresas tardam cinco a fazer. É uma das startups espaciais mais competentes da Europa.”, explica Rafel Jordà, fundador e CEO da Open Cosmos. “O seu sistema de comunicações embarcado em satélites de terceiros encaixa-se perfeitamente na nossa visão para a OpenConstellation, acelerando a nossa capacidade de fornecer infraestrutura espacial escalável, multifuncional e flexível, que responda às necessidades institucionais e comerciais da Europa e mais além”, acrescenta.

Fundada em 2023 por André Guerra, Hélder Oliveira, Raquel Magalhães e Tiago Rebelo, a Connected desenvolveu uma plataforma proprietária de comunicações espaciais para conectividade IoT, lançou pilotos em toda a Europa e firmou parcerias estratégicas com a EchoStar Mobile, o Fraunhofer e outros parceiros internacionais. A sua tecnologia – baseada em protocolos terrestres standard como são o 5G NB-IoT e o mioty – reduz drasticamente o custo e a complexidade das comunicações espaciais, possibilitando aplicações que vão desde a monitorização de infraestrutura até a resposta a emergências e a vigilância oceânica, passando pela agricultura inteligente e pelos sistemas de energia renovável off-grid. Em apenas dois anos, a Connected evoluiu de uma ideia para uma plataforma comercialmente operacional que molda o futuro das comunicações IoT a partir do Espaço.

“Estávamos a fechar a nossa ronda de financiamento Seed quando surgiu esta oportunidade. A oferta da Open Cosmos era demasiado alinhada – em termos de missão, cultura e ambição – para ser ignorada. Foi um claro reconhecimento da nossa tecnologia e do progresso real que alcançámos com recursos limitados, apenas possível com a dedicação incansável de toda a nossa equipa”, assinala Tiago Rebelo, ex-CEO da Connected, agora Chief Revenue Officer (CRO) da Open Cosmos e diretor-geral das subsidiárias da Open Cosmos em Portugal.

Inicialmente acelerada pelo programa ESA-BIC no Instituto Pedro Nunes (IPN) em Coimbra e, posteriormente, incubada na UPTEC no Porto, a Connected foi também selecionada para o Programa de Scaling-Up da Unicorn Factory Lisboa e para o Acelerador Europeu SpaceFounders. Estas âncoras do ecossistema aceleraram o seu rápido desenvolvimento e a entrada no mercado.

Poucos meses após a sua constituição, a empresa angariou 2 milhões de euros na maior ronda de pré-seed coliderada pela Shilling VC, Iberis Capital e FundBox, e que contou com a participação da Octopus Ventures, Amena Ventures e do investidor Keith Willey.

Como parte do acordo, a Connected torna-se agora uma unidade de negócio dedicada à conectividade IoT da Open Cosmos. Todos os 22 membros da equipa da Connected juntam-se à equipa de 18 pessoas da Open Cosmos Atlantic em Portugal. A Open Cosmos emprega atualmente cerca de 200 pessoas, apresenta lucros consistentes há quatro anos consecutivos – com um elevado ritmo de crescimento -, e já arrecadou mais de 50 milhões de euros em financiamento. A empresa mantém uma taxa de sucesso de 100% nas suas missões em órbita.

A aquisição reforça também a presença da Open Cosmos em Portugal. A empresa investiu até à data mais de 15 milhões de euros no país, sendo esperado que esse valor ultrapasse os 50 milhões de euros nos próximos três anos, à medida que a sua presença local se expande. Os planos de expansão incluem o lançamento de uma nova fábrica de satélites no IPN em Coimbra, onde três satélites de engenharia portuguesa serão montados e operados a partir do final de 2025. Essas missões, irão contar já com a tecnologia de comunicações da Connected para fornecer dados integrados de Observação da Terra e conectividade IoT a partir de órbita.

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